A escassez de recursos continua a restringir o crescimento do setor imobiliário no Brasil, uma preocupação recorrente entre agentes públicos e de mercado. O financiamento habitacional no país aumentou significativamente após o Plano Real, passando de cerca de 2% do PIB para quase 10% do PIB recentemente. Esse crescimento foi impulsionado por reformas microeconômicas e maior segurança jurídica, como a alienação fiduciária e o patrimônio de afetação.
No entanto, ainda há um imenso espaço para crescimento. Em países como EUA e Reino Unido, o financiamento imobiliário representa mais de 50% do PIB, enquanto no Chile é de 30%. No Brasil, a maior parte do financiamento imobiliário vem de fontes sub-remuneradas, como a poupança e o FGTS, que representam 60% do total. Contudo, novas fontes de mercado, como CRIs, LCIs, FIIs e LIGs, estão atraindo mais investidores.
O mercado enfrenta um desequilíbrio entre o uso de fontes sub-remuneradas e de mercado. Quando as taxas de juros estão altas, aumenta a demanda por fontes mais baratas, resultando em escassez de recursos. Com a redução do apetite dos investidores pela poupança e o aumento do uso do FGTS, essa escassez tende a piorar.
Medidas como ajuste das contas públicas, controle da inflação e evolução do mercado de capitais são essenciais para o crescimento do crédito imobiliário. Além disso, a priorização do uso de fontes sub-remuneradas para mutuários, a redução do prazo de vencimento das LCIs e a possível redução da taxa de compulsório da poupança são propostas discutidas para melhorar a situação.
Outras medidas, como a securitização de carteiras de empréstimos habitacionais, trazem riscos de instabilidade sistêmica, lembrando a crise dos subprime nos EUA. No Brasil, o custo médio de carregamento da carteira habitacional é inferior às taxas de juros referenciadas pelo Tesouro, o que torna algumas operações inviáveis sem aceitar remuneração negativa para um risco significativo.
Para viabilizar novos saltos no setor, é necessário adaptar-se às mudanças no comportamento dos investidores, aprimorar a regulação e desenvolver novos produtos financeiros. O uso intensivo da tecnologia também pode ajudar a reduzir custos de transação e assimetrias informacionais.
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Informações retiradas de Ana Paula Vescovi ao Estadão