Um cenário econômico marcado pela estagflação acarreta diversos desafios tanto para o governo quanto para a população. Esse é um termo que representa a junção entre “inflação” e “estagnação”, algo muito próximo de estar de volta e causar impactos ao setor imobiliário.
Segundo o economista Gabriel Sarmento Eid, há duas situações em que a estagflação ocorre, sendo a inflação elevada o ponto em comum entre elas. O primeiro cenário alia o aumento do desemprego com uma economia estagnada. Já o segundo é marcado pela alta da inflação e uma expressiva redução do PIB.
Para o economista, a “Estagflação é uma situação terrível, pois aumenta o custo de vida e oferece poucas oportunidades de renda, emprego ou perspectivas de crescimento no futuro que venham compensar esse aumento de custo de vida”.
No Brasil, o período da principal estagflação ocorreu em 1970, quando duas crises de petróleo fizeram com que diversos países vivenciassem altas taxas de inflação, recessão e baixo crescimento econômico. Neste período, o Brasil e outros países vivenciaram uma hiperinflação, segundo Gabriel.
Estagflação no Mercado Imobiliário
O setor imobiliário é um dos primeiros a ser afetados pela estagflação, o que em outras palavras significa dizer que o ritmo de produção de novos imóveis não está dando conta da demanda, que por sua vez ocasiona no aumento significativo do preço dos imóveis, a conhecida inflação.
A situação do mercado imobiliário no Brasil é um tanto quanto delicada: além da mudança de perfil dos consumidores e locatários, fortemente impulsionada pela pandemia, existe ainda uma instabilidade no ritmo da economia e uma inflação que, além de generalizada, encontra-se acima dos patamares previstos.
Somado a isso, temos acompanhado os reajustes frequentes da Selic propostos pelo Banco Central como forma de frear a inflação, que afetam diretamente o custo do crédito na aquisição de imóveis.
O aumento do barril de petróleo e outros insumos, aliado à elevação do valor para concessão de créditos na aquisição de imóveis, irá refletir também nos custos da construção civil. Com imóveis mais onerosos, ou as construtoras repassam os reajustes aos consumidores, ou diminuem sua margem de lucro ou pior: cancelam empreendimentos com baixa lucratividade.
A pandemia também alterou a relação da população com seu imóvel, que agora busca um ambiente mais confortável, sobretudo aqueles que aderiram de forma definitiva o modelo de trabalho home office.
“O resultado é que nossa demanda por imóveis deve permanecer forte. E se o setor de construção não der conta dessa demanda ou do aumento dos custos, é bem possível que, mesmo com a alta taxa de juros, os preços dos imóveis continuem a subir – gerando uma estagflação”, destaca o especialista.
Fonte: G1