O setor da construção na China é muito importante, ele representa um quarto do Produto Interno (PIB) do país.
A reforma imobiliária que ocorreu na China em 1998 deu origem a um mercado que se expandiu com rapidez, sobretudo por fatores culturais, pois na maioria das vezes, um dos pré-requisitos para casar-se na China é a compra de uma casa.
De acordo com o relatório do Banco ANZ, atualmente os créditos imobiliários representam aproximadamente 20% dos empréstimos do sistema bancário chinês.
Segundo a agência de informações financeiras Bloomberg, a China tem cerca de 225 milhões de metros quadrados de imóveis não finalizados. Por conseguinte, os promotores imobiliários majoritariamente trabalham com um sistema de pré-venda, no qual os bens são vendidos antes de serem construídos.
Qual é a origem da crise?
Devido ao crescimento do setor, surgiram muitos promotores e consequentemente o aumento dos preços, o que preocupa o governo, tendo em vista que, uma parcela considerável da população não têm mais meios de acesso à aquisição de bens imobiliários. Além disso, o endividamento maciço dos promotores também é preocupante.
Em 2021 a China tomou como medida dificultar as condições de acesso ao crédito para os promotores, cortando um canal de financiamento e desencadeando a suspensão de pagamentos. O caso mais importante foi o da ex-número 1 do setor, a Evergrande, com cerca de 300 bilhões de dólares em dívidas.
Como os compradores reagem?
A crise da Evergrande causou uma grande repercussão, em setembro de 2021 compradores fizeram uma manifestação, além disso, outra forma de protesto surgiu em junho deste ano: uma greve de empréstimos imobiliários.
A greve tomou uma proporção gigantesca, em um mês ela se espalhou para mais de 300 projetos em 50 cidades. Os compradores de imóveis inacabados deixaram de pagar os créditos até que as obras sejam retomadas.
Como a crise na China afeta o mundo?
Segundo analistas, deve ser levado em consideração a conexão da China com outros países, além disso, ela é a segunda maior potência mundial, à vista disso, a crise imobiliária ao setor financeiro pode repercutir internacionalmente.
“Se a suspensão dos pagamentos se multiplicar, pode gerar sérias consequências econômicas e sociais”, alerta a agência de classificação de risco Fitch.
“Já em maio, o Banco Central dos Estados Unidos afirmou que o agravamento da crise imobiliária chinesa poderia ter consequências para o sistema financeiro do país. Nesse cenário, a crise impactaria o comércio mundial”, diz Fitch.
Quais seriam as soluções?
Os analistas não têm uma visão otimista acerca da situação, pois consideram improvável que haja um plano de resgate. Segundo Ken Cheung, analista do banco japonês Mizuho, qualquer medida tomada pode causar riscos no setor bancário ou no governo, o que pode ocasionar um efeito reverso do que se esperava.
Diante da intervenção do Estado, os proprietários e promotores imobiliários estariam tentados a esquecer suas responsabilidades e deixar de pagar, explica Cheung.
Conforme estimado pelo Chen Shujin do banco de investimento americano Jefferies, as administrações locais, promotores e proprietários poderão negociar, caso a caso, a isenção de juros ou adiamentos das mensalidades.
Fonte: UOL