Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal mostra que brasileiros com domicílio fiscal no Brasil e nos Estados Unidos estão entre os maiores investidores do mercado imobiliário de Portugal.
De um modo geral, os brasileiros já estão entre os estrangeiros que mais compram imóveis em Portugal. Com isso, o eixo Flórida-Lisboa começa a chamar a atenção das corretoras especializadas no nicho do mercado imobiliário voltado para brasileiros.
Os investimentos dos brasileiros que moram nos EUA despertou o interesse do Banco de Portugal. Dados da instituição mostram que 11,7% das vendas de imóveis no país são de estrangeiros não residentes. E eles gastam 95% mais do que próprios portugueses.
O relatório mostra que o dinheiro oriundo dos Estados Unidos comprou 99 imóveis em Lisboa em 2022. Mas embora no ano passado, tenha sido o primeiro do ranking, esse ano ficou atrás da França. E o Brasil, que já esteve à frente dos dos EUA, está em quinto, empatado com a Alemanha, com 44 imóveis.
Os dados mostram ainda que para compradores com domicílio fiscal em outros países da União Europeia (UE), o valor médio de transação de habitação foi de € 265 mil (R$ 1,5 milhão). Esse valor é 55% maior que o gasto médio dos compradores com domicílio fiscal em Portugal.
Já para os compradores com domicílio fiscal fora da UE, o valor médio foi de € 414 mil (R$ 2,3 milhões) – 143% superior ao das transações de residentes em Portugal.
Essa diferença de valores é mais acentuada nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto do que no Algarve e no restante do país, diz o relatório.
Crédito brasileiro é usado no mercado imobiliário português
Eliane Ribeiro, consultora da Remax, diz que vários brasileiros da Flórida estão investindo em Portugal para diversificar o investimento em euro.
“E os estrangeiros pagam mais porque compram nas melhores localizações. Principalmente os brasileiros e os americanos, duas das nacionalidades mais relevantes que investiram em Portugal no último ano”, afirma.
Já segundo o empresário carioca Alessandro Martins, da Summer Dreams, desde 2020, Portugal entrou no radar norte-americano com uma demanda crescente, principalmente dos investidores da Califórnia, Flórida e de todo o Brasil.
Mas o relatório mostra ainda que, além de gastarem mais, os brasileiros não residentes pouco têm recorrido aos empréstimos imobiliários em Portugal, muito em parte por conta do avanço da Euribor, a taxa europeia que serve de base para o crédito imobiliário. Na semana passada ela alcançou o maior índice em 14 anos, chegando a 2,436%.
Além disso, também na semana passada o governo português publicou decreto estabelecendo regras para renegociação do crédito imobiliário até € 300 mil (R$1,6 milhão). E os pedidos de novos financiamentos têm recuado mensalmente.
Segundo Martins, os clientes brasileiros no Brasil e nos Estados Unidos que recorrem ao empréstimo contam com garantias obtidas nos países de origem. Como o imposto de renda e os consórcios imobiliários:
“O consórcio imobiliário no Brasil já é uma realidade para comprar imóveis em Portugal. E a tendência de pegar crédito no Brasil para investir aqui vai aumentar. Na perspectiva do brasileiro e do americano, o imposto é menor do que se fossem comprar onde residem”, explica.
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Informações retiradas de O Globo.