Os vários fatores que frearam a economia chinesa em 2022 deverão continuar a pressionar os mercados do país no ano que vem. E mesmo as medidas recentes de flexibilização das medidas contra a Covid, que voltou a abalar a China, e de reativação do mercado imobiliário não devem ser suficientes para retomar os patamares anteriores à pandemia.
A análise dos especialistas é que a economia chinesa deve crescer pouco em 2023. Segundo eles, as medidas não chegam a significar uma mudança ampla na política do líder chinês, Xi Jinping.
Inclusive, Xi Jinping pretende manter o objetivo de alcançar a autossuficiência econômica em alimentos, energia e bens de alta tecnologia; a redução da dívida; e a redistribuição da riqueza, com o programa “prosperidade comum” mesmo à custa de um crescimento menor, como ficou claro no Congresso do Partido Comunista.
Crescimento da economia chinesa deve ficar em torno de 4%
A estimativa dos especialistas é que a economia chinesa tenha um crescimento em torno de 4%, bem abaixo da média anual de 8,6% que foi a marca entre 2009 e 2019.
Para o economista-chefe para a Ásia-Pacífico na S&P Global Ratings, Louis Kuijs, o crescimento médio anual deverá ser de 4,4% até 2030, caindo para 3,1% na década seguinte.
Segundo ele, os ventos contrários – como a queda da população economicamente ativa, tensões geopolíticas, baixo consumo global dos produtos chineses devido à crise econômica mundial, ressurgimento forte dos casos de Covid, etc – e o medo de Xi Jinping de que um crescimento forte poderia aumentar o fosso entre ricos e pobres são determinantes para o crescimento fraco.
Desemprego urbano entre jovens chegou a quase 20% em 2022
Em 2021 o governo chinês reprimiu as empresas privadas de internet visando reduzir a acumulação de riqueza no setor tecnológico. Um dos resultados foi um desemprego urbano entre jovens que chegou a quase 20% em 2022 – além de corte de investimentos para o setor.
No dia 22 de novembro, uma das maiores plataformas de comércio eletrônico da China, a JD.com, anunciou o corte de salário entre 10% e 20% de cerca de 2 mil gestores. A medida, segundo eles, é um alinhamento com a política de “prosperidade comum” de Xi.
Por outro lado, Pequim anunciou medidas para flexibilizar algumas restrições da covid e socorrer as incorporadoras, mas o seu efeito deve ser limitado ou piorar a situação no curto prazo se a covid continuar a se espalhar.
O risco permanece inclusive com o anúncio de que a China iria afrouxar as regras de quarentena e abrir mais o país a visitantes estrangeiros, na tentativa de melhorar o crescimento da economia chinesa.
O problema é que a covid não está dando trégua, minando a flexibilização. Já são quase uma centena de cidades combatendo novos surtos. E, segundo a Capital Economics, são justamente regiões que geram metade do PIB chinês. Além disso, duas das maiores cidades da China impuseram lockdown generalizado. Juntas, Guangzhou e Chongqing totalizam 50 milhões de pessoas.
Mercado imobiliário chinês continua fraco
Já o mercado imobiliário, que responde por 25% da economia chinesa, tem excesso de imóveis vagos. Segundo especialistas, seriam necessários 20 meses para vender o estoque, que já acumula mais de 2,2 bilhões de metros quadrados.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas do Valor Econômico Mundo.