O dólar atingiu R$5,86 no fim de outubro, o maior patamar desde maio de 2020 e o segundo maior da história. Atualmente, está cotado em R$5,79, mas o valor elevado coloca pressão no mercado e pode influenciar o setor imobiliário.
Investidores e especialistas já avaliam os possíveis impactos. Para Bruno Loreto, fundador da Terracotta Ventures, o dólar alto pode trazer tanto efeitos positivos quanto negativos. “No cenário atual, é mais barato para estrangeiros investirem aqui. Além disso, o turismo se torna mais acessível, incentivando a demanda por locações de curta temporada”, explica.
Por outro lado, Loreto alerta que a alta do dólar pode pressionar a inflação, o que pode manter ou elevar as taxas de juros. “Com juros mais altos, a oferta de crédito se torna mais difícil e a demanda por imóveis fica negativa”, aponta.
impacto no custo das obras
Além do crédito, a valorização do dólar também pode encarecer as construções. Tomaz de Gouvêa, sócio-gestor de fundos imobiliários da MAG Investimentos, destaca que mesmo com a maior parte dos insumos da construção civil sendo produzida no Brasil, o câmbio influencia no valor das commodities essenciais, como aço, alumínio e cobre.
“Esses materiais são amplamente utilizados nas obras e estão diretamente ligados ao custo da construção”, afirma Gouvêa. Ele também destaca os impactos indiretos, como o aumento no preço dos combustíveis, que encarece o transporte dos materiais.
longo prazo preocupa mais do que curto prazo
Para Loreto, os efeitos do dólar alto não são imediatos no setor imobiliário. “O comportamento do dólar é menos importante no curto prazo. O mais crítico são os motivos que fazem o dólar subir ou descer”, explica.
O executivo ressalta que a oscilação do câmbio está diretamente ligada à confiança dos investidores na economia brasileira. “Eles querem sinais claros de compromisso do governo com o controle de gastos e estabilidade da inflação e dos juros. Sem isso, há o risco de desaceleração econômica, impacto no crédito e queda na demanda imobiliária”, alerta.
Mesmo com a boa performance recente da economia e dos ativos imobiliários, Loreto reforça que o comportamento do câmbio reflete preocupações com o futuro. “O câmbio sinaliza a preocupação com o que vai acontecer no futuro”, conclui.
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Informações retiradas de Breno Damascena ao Estadão