O dólar fechou a última semana de outubro em R$5,869, seu nível mais alto desde maio de 2020 – o segundo maior da história. Agora cotado em R$ 5,79, o patamar elevado do dólar coloca pressão sobre a taxa Selic, cujo anúncio é aguardado para esta quarta-feira, com impacto potencial no mercado imobiliário brasileiro.
Esse cenário de volatilidade cambial exige atenção de investidores e especialistas, que já especulam sobre as possíveis consequências no setor.
“Por um lado, a valorização do dólar torna o investimento estrangeiro no Brasil mais barato. Isso, junto com o turismo impulsionado pela moeda forte, aumenta a demanda por imóveis de locação temporária”, destaca Bruno Loreto, fundador da Terracotta Ventures.
Por outro lado, ele aponta que a alta do dólar eleva a pressão inflacionária e, consequentemente, pode manter ou aumentar as taxas de juros locais. “Com juros altos, o crédito fica mais caro e a demanda por imóveis tende a cair”, alerta.
Impacto nos Custos de Construção
Outro fator de preocupação é o aumento de custos para as construtoras, como observa Tomaz de Gouvêa, sócio-gestor de fundos imobiliários da MAG Investimentos. “Apesar de a maioria dos insumos para a construção serem fabricados no Brasil, o valor das commodities – como aço, alumínio e cobre – é diretamente influenciado pelo dólar, impactando o custo final das obras.”
Gouvêa ressalta ainda os impactos indiretos, como o encarecimento dos combustíveis, que aumenta os custos de transporte de materiais pesados.
Efeitos no Longo Prazo
Loreto acredita que os impactos da alta do dólar tendem a ser mais relevantes no longo prazo. “No curto prazo, o comportamento do dólar tem efeito limitado no setor imobiliário. O essencial é entender os fatores que causam essa variação cambial.”
Para ele, o cenário fiscal brasileiro é determinante. “Investidores buscam sinais de controle de gastos pelo governo, bem como uma expectativa de inflação e juros estáveis. Sem isso, há risco de aceleração inflacionária, elevação de juros e redução da atividade econômica, o que afeta diretamente o crédito e a demanda no mercado imobiliário.”
Assim, embora o setor imobiliário esteja em boa fase, o câmbio reflete preocupações sobre o futuro.
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Informações retiradas de Breno Damascena ao Estadão