O aumento no número de construções de novos prédios em São Paulo tem gerado disputa por terrenos em regiões de alta renda. Incorporadoras arrecadam milhões por espaços antes ocupados por casas e prédios menores, que hoje dão espaço para grandes arranha-céus. No entanto, tem sido difícil encontrar terrenos na capital paulista.
Isso ocorre porque, além de já possuir uma grande área já construída, o Plano Diretor, sancionado em 2014, libera a construção de prédios altos apenas em regiões próximas de grandes eixos de transporte público, como o metrô. O lançamento de novos imóveis também dificulta a aquisição: em 2018 o número de lançamentos realizados na região era de 39 mil unidades ao ano, desde então esse número dobrou, segundo dados do Secovi-SP.
Cenários como esse criam verdadeiras “brigas de foice”, como definem executivos e empresários, dispostos a pagar um bom preço para prédios com localização estratégica. Nessa disputa quem se beneficia são as incorporadoras, como no caso da Even, que em 2021 fechou parceria com a família Malzoni que adquiriu um terreno de 18 mil m² para a construção de um empreendimento no valor de R$500 milhões.
Caça-terrenos – Novos funcionários das incorporadoras
A disputa por terrenos e a dificuldade em encontrá-los criaram a necessidade de um novo profissional no setor: especialistas em “caçar” terrenos vazios pela cidade de São Paulo, um segmento em estágio inicial e pouco profissionalizado, segundo a incorporadora Vitacon, que atualmente trabalha com cerca de 15 profissionais do ramo. “Esses profissionais atuam na fase inicial, depois assumimos a linha de frente”, conta Ariel Frankel, presidente da empresa.
Do outro lado, empresas tentam captar o que resta de áreas mais periféricas da cidade, como a Plano&Plano, cujo banco de terrenos com valor geral de vendas já totaliza mais de R$10 bilhões. Só em 2021, as aquisições chegaram a R$2,5 bilhões. Para este ano a empresa pretende ampliar em 300% a compra nessa categoria de imóveis.
Rodrigo Luna, presidente da Plano&Plano, reconhece que a alta demanda encarece os preços dos terrenos. “As variáveis do setor são o preço da construção e o preço do terreno. Temos algum controle na construção, mas se os valores das áreas continuarem a subir, quem pagará o preço mais alto será a população“, diz Luna.
André Rosa, diretor da JLL, pensa diferente. Segundo ele, existe uma grande quantidade de terrenos para construção, dos quais algumas opções devem ser exploradas, como os retrofits (revitalização) de edifícios antigos. “Não existe escassez de terrenos, o que existe é escassez de terrenos com o preço certo”, afirma.
Fonte: O Estado de S. Paulo