A situação habitacional no Distrito Federal, revelada por dados do IBGE, mostra que apenas 46% dos residentes possuem casa própria, 17% abaixo da média nacional, contrastando com a alta renda domiciliar da região. Esse cenário contribui para um aumento de tentativas de invasões de áreas públicas e consequentes ações de derrubadas pelo Governo local. Com pouco mais de 1 milhão de unidades habitacionais na capital, incluindo residências em áreas irregulares, o aluguel é apontado como o principal fator impactando o orçamento mensal dos moradores.
Entrevistas com jovens como Bianca Soares, de 21 anos, que enfrenta aumento no custo do aluguel e despesas extras ao viver em uma casa alugada em Taguatinga, refletem a dificuldade em alcançar a propriedade própria. Bianca não tem um plano financeiro sólido para adquirir uma casa, mas pretende criar um no futuro.
Por outro lado, Layane Vasco, 27, reserva mensalmente uma quantia para dar entrada em um imóvel, mesmo dividindo o aluguel com seu irmão. Ela destaca o desafio de montar a casa e lidar com as despesas sozinha durante um período antes da mudança, enfatizando a importância da companhia para o equilíbrio das tarefas domésticas.
Números mascarados
O economista Francisco Rodrigues identifica uma disparidade marcante no Distrito Federal entre o baixo índice de moradia própria e a elevada média de renda. Este fenômeno é atribuído à concentração significativa de funcionários nos serviços públicos, onde salários mensais podem chegar a até R$30 mil. Essa realidade impulsiona a renda per capita para patamares superiores, já que a principal força econômica de Brasília reside nos serviços públicos, não na indústria ou agropecuária.
Em contraste, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sugere que o salário mínimo ideal no Brasil deveria ser mais de R$6.000, enquanto a realidade é que a maioria das famílias se sustenta com um salário mínimo de R$1.320. Esta discrepância é especialmente problemática considerando que a demanda habitacional para os próximos anos está concentrada em famílias de baixa renda, recebendo de um a três salários mínimos.
Rodrigues aponta a profunda carência de infraestrutura no país, incluindo no DF. Ele destaca a falta de políticas públicas, o êxodo rural recente, o crescimento da população urbana em condições precárias nas periferias e a exclusão social agravada pelo aumento do desemprego entre 2020 e 2021 como causas centrais da desigualdade habitacional.
Irregularidade
No Distrito Federal, a busca por moradias próprias enfrenta desafios visíveis nas moradias irregulares que têm sido alvo de 650 operações de demolição realizadas pela Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) neste ano, principalmente concentradas na área do Setor Habitacional Vicente Pires.
O Trecho 2 da região apresenta um cenário onde cerca de 90% das propriedades podem passar por um processo de regularização, segundo informações do governo local. No entanto, há uma declaração oficial afirmando a inexistência de vínculo entre as demolições em andamento e os esforços de regularização. A Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) estima que quase 900 pessoas estão ocupando propriedades que ainda carecem de licenciamento.
Por outro lado, a Associação de moradores de Vicente Pires e região (Amovipe) agiu de forma contrária, apresentando três ações às autoridades para anular o processo de regularização em curso, lançando um questionamento sobre o direcionamento das iniciativas de regularização frente às demolições realizadas e as necessidades da comunidade local.
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Informações retiradas de Arthur de Souza à Correio Braziliense