No centro da capital inglesa, artistas e jovens profissionais enfrentam dificuldades crescentes devido ao aumento dos preços de aluguel. Emily, uma artista visual de 29 anos, se vê obrigada a dividir sua semana entre o sofá da irmã e um quarto alugado nos finais de semana devido aos altos custos de moradia. Com aluguéis ultrapassando 1.000 libras por mês, a pressão financeira limita as possibilidades de aproveitar a cidade. “Você está apenas pagando para existir”, lamenta Emily.
A escassez de oferta e a demanda intensa impulsionam o aumento dos aluguéis em toda a Europa. Paul Tostevin, chefe de pesquisa mundial da agência imobiliária Savills, aponta que essa tendência é resultado da forte procura por parte de locatários nacionais, inquilinos internacionais em busca de oportunidades de trabalho e estudo, além de potenciais compradores que optaram pela locação devido às altas taxas de juros.
O recente aumento das taxas de habitação está causando dificuldades significativas para os aspirantes a moradores nas cidades europeias. Embora algumas nações tenham testemunhado uma queda nas rendas médias, os centros urbanos com forte demanda de emprego e atrações turísticas continuam a registrar preços recordes no setor imobiliário. No entanto, o cerne do problema reside na insuficiência de oferta habitacional, resultando em um aumento preocupante no número de pessoas sem-teto.
Para especialistas, como Boris Cournède, chefe interino de economia pública na OCDE, e Yolande Barnes, professora do Bartlett Real Estate Institute da UCL, a explicação para essa crise habitacional pode ser resumida em uma única palavra: oferta.
A urbanização contínua das populações em longo prazo recebeu um novo impulso com a pandemia, à medida que bolsões de demanda emergiram em cidades e bairros específicos. Rennes e Marselha, na França, viram um aumento notável de interesse desde o início da pandemia, impulsionado pelo desejo de morar mais próximo a espaços verdes e à beira-mar para melhorar a qualidade de vida.
A consciência de que o lar engloba mais do que apenas as quatro paredes ganhou destaque durante a pandemia, levando as pessoas a valorizarem o ambiente ao redor. Enquanto os governos procuram aliviar as crescentes despesas básicas dos cidadãos após anos de aumento nos custos de energia, alimentos e habitação, medidas para controlar os preços dos aluguéis podem ter efeitos contraproducentes.
Lisboa experimentou um rápido aumento nas rendas nos últimos seis meses, atribuído em parte a políticas de controle de aluguéis, que levaram alguns proprietários a aumentar os preços como medida preventiva. Em Berlim, a revogação judicial do limite máximo de aluguéis há dois anos trouxe benefícios para os residentes em termos de preços acessíveis para moradias espaçosas, mas também resultou na exclusão de recém-chegados de muitos bairros devido ao poder dos proprietários.
O aumento dos aluguéis na Europa está resultando em um espaço habitacional cada vez mais inacessível para os jovens. Aqueles entre 15 e 29 anos frequentemente enfrentam moradias superlotadas e uma tendência de prolongar a residência com os pais devido à falta de recursos. Em países como Irlanda, Portugal e Polônia, a pandemia exacerbou essa situação, forçando muitos jovens a retornar ao lar dos pais devido à instabilidade econômica.
Permanecer em suas cidades natais pode prejudicar as oportunidades de emprego para os jovens, criando um ciclo de escassez econômica. A propriedade de habitações varia na Europa devido a diferentes contextos históricos e políticos. Países que passaram pela transição do comunismo, como Romênia, Eslováquia, Hungria, Croácia, Lituânia e Polônia, têm níveis elevados de propriedade de casas, enquanto na Europa Ocidental, os índices de propriedade são mais baixos.
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Informações retiradas de Akila Quinio à UOL