As autoridades chinesas vem fazendo o maior esforço para acabar com a crise imobiliária no país, que tem abalado fortemente a economia desde o ano passado.
Na última sexta-feira (11), Pequim divulgou um plano com 16 pontos visando resolver os problemas de empréstimos e construções paralisadas. Tao Wang, economista chefe do banco asiático UBS, descreveu o pacote de medidas como um “ponto de virada” para o setor imobiliário da China. Juntamente com outras políticas anunciadas no início deste ano, o pacote pode injetar mais de 1 trilhão de yuans (US$ 142 bilhões) em imóveis, estimou ela.
Dentre as principais medidas divulgadas pelo governo, inclui: (1) permitir que os bancos estendam o prazo para pagamento dos empréstimos realizado para as incorporadoras, (2) apoiar as vendas de imóveis reduzindo o valor da entrada e parcelas iniciais, (3) cortar as taxas de juros das hipotecas, (4) impulsionar outros canais de financiamento, como emissões de títulos, e (5) garantir a entrega de casas pré-vendidas aos compradores.
Ações de construtoras disparam
Nesta segunda-feira (14), após a divulgação das medidas, as ações das incorporadoras subiram em média 11%. No caso das principais incorporadoras esse numero foi ainda mais surpreendente, como a maior incorporadora da China, a Country Garden que subiu 52%, enquanto as ações da Dexin China, uma incorporadora com sede em Hangzhou, disparou 151%.
O pacote de medidas tem sido visto pelos analistas como o sinal mais forte das autoridades chinesas, de que a crise de dois anos no setor imobiliário pode estar encaminhando para o fim.
Os problemas aumentaram no ano passado quando a Evergrande – a segunda maior incorporadora do país – deixou de pagar sua dívida. Com o colapso do setor imobiliário, grandes empresas buscaram a proteção de seus credores. A crise de caixa levou o adiamento ou suspensão dos muitos projetos habitacionais pré-vendidos em todo o país.
A crise entrou em uma nova fase neste verão, quando compradores irritados se recusaram a pagar o financiamento das casas inacabadas, agitando o mercado financeiro. Desde então, as autoridades vem tentando neutralizar a crise instando os bancos a aumentarem o apoio aos empréstimos para incorporadoras, para que estas possam concluir seus projetos. Os bancos também reduziram as taxas de juros em uma tentativa de restaurar a confiança do comprador.
Em outubro, as vendas das 100 maiores incorporadoras imobiliárias contraíram 26,5% em relação ao ano anterior, de acordo com uma pesquisa privada da China Index Academy, uma importante empresa de pesquisa imobiliária. Até agora este ano, suas vendas caíram 43%.
Juntamente com uma política estrita de zero Covid que espremeu os gastos de fabricação e consumo, os problemas imobiliários arrastaram a economia da China. No terceiro trimestre, o PIB da China cresceu 3,9% em relação ao ano anterior, colocando o crescimento geral nos primeiros nove meses em apenas 3%, muito abaixo da meta oficial de 5,5% estabelecida em março.
Embora otimistas com as medidas de sexta-feira, os analistas optam pela cautela na hora de opinar sobre o impacto que isso teria na confiança do comprador.
“O mercado imobiliário ainda não mostrou sinais de recuperação”, disseram analistas do Nomura em um relatório de pesquisa na segunda-feira, acrescentando que as medidas mais recentes podem ter “pouco impacto direto” no estímulo à compra de casas.
“A estratégia de zero Covid de Pequim, apesar de alguns ajustes mais recentes, continuará pesando no setor imobiliário”, acrescentaram.
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Informações retiradas de: CNN