O setor imobiliário está aquecido não apenas na venda de imóveis, mas nos últimos 8 meses a profissão de Corretor foi uma das que mais cresceram no país: 7,9% em relação a 2020, o que significa mais de 30 mil novos corretores somente este ano, segundo o sistema Cofeci-Creci.
Os números não surpreendem, pois essa é uma profissão procurada em momentos de crise. O que o mercado vem questionando, é o nível de preparo, formação e treinamento desses novos corretores, além do real interesse em fazer carreira nesta profissão. É aqui, que o profissional comprometido e que empreende esforços na profissão, se destaca.
“Trabalho não falta“, garante José Viana, o presidente do Creci-SP. Segundo ele, os 445 mil profissionais em atuação hoje no Brasil, representam apenas 20% da demanda no país.
Influenciar para se destacar
Com a aceleração digital de todos os setores, a profissão de Corretor também sofreu uma alteração no perfil e comportamento de seus profissionais. O primeiro passo veio forçado pela pandemia, onde a utilização dos meios digitais passaram a ser essenciais para continuar fechando negócios.
Depois disso, o corretor mais experiente, identificou ali uma oportunidade de potencializar seus negócios: alguns passaram a criar conteúdos para as redes sociais, e utilizá-las como vitrine para seus imóveis e até mesmo para vender cursos ensinando outros corretores a fazerem o mesmo.
É o caso do goiano Ricardo Martins, de 34 anos que afirma ter vendido cerca de R$500 milhões só com vídeos do TikTok. Com mais de 1,8 milhão de seguidores, a estratégia de Ricardo foi fazer de si próprio, uma marca. Para isto, ele exibe além dos imóveis, a sua vida pessoal, carros de luxo e rotina de treinos, estilo de vida que conversa diretamente com o público que ele deseja alcançar. Hoje Ricardo é sócio e diretor de marketing de uma imobiliária que já soma 22 unidades espalhadas pelo país.
Já a corretora Graziella Labate, presidente da imobiliária Graziella, conta que utiliza a redes sociais ao seu favor e que investe nas redes sociais como vitrine para seu negócio, onde nos últimos três anos, cerca de 24% de seus clientes vieram do Instagram.
Esse novo perfil de profissionais, havia sido predito pela famosa investidora Li Jin, uma espécie de “guru” dos criadores de conteúdo e bastante respeitada por antecipar comportamentos do mercado: “não importa em qual setor você esteja, todas as pessoas serão criadoras de conteúdo. Essa construção de uma marca virtual já está começando a acontecer, mas se acelerará nos próximos anos, a medida que médicos, chefs de cozinha, pintores, CEOs e outras profissões estabelecidas, incluindo investidores, percebam a importância de cultivar perfis online“.
Não é o fim do olho-no-olho
Mas investir apenas no perfil online, é um erro. Rodrigo Barbosa, carioca que atua como corretor autônomo, afirma que a habilidade de ouvir o cliente é apontada como uma das mais importantes para ser um bom corretor num momento de tantas mudanças.
“O meu cliente não quer saber de milhares de vendas, milhões de anúncios. Ele quer um atendimento personalizado, cuidadoso, dedicado. Faço questão de conhecer a casa dele, ver onde e como ele mora, do que ele gosta. É isso que vai me mostrar o que ele realmente quer no imóvel. Quando você encontra um imóvel que provoca encantamento, o cliente, muitas vezes, abre mão de uma característica que achava ser fundamental“, afirma Barbosa.
É aqui, que o perfil do corretor sofre mudanças também no mundo offline: aquele corretor que se limita somente a visitar imóveis, vem desaparecendo. Em seu lugar, surge a figura do consultor, que entende da parte legal e burocrática da documentação, mas também de gestão financeira e precificação; que acompanha a política e economia do país para entender a fundo o mercado imobiliário e o melhor momento de investir.
“A maioria das pessoas compra e vende um, dois imóveis na vida. Isso significa que duas pessoas, que não entendem nada daquele mercado, precisam se encontrar para fazer um negócio, que será o maior da vida deles. Por isso, a figura do corretor é indispensável“, afirma Tiago Galdino, diretor-executivo do Imovelweb.