Com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) destinado ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) sendo esgotado mais rapidamente do que o esperado este ano, uma competição acirrada por recursos está se desenhando. Empresas do setor da construção civil estão pressionando o governo para restringir o acesso ao dinheiro do fundo para a compra de imóveis já utilizados, com o objetivo de priorizar o financiamento de novas residências.
O volume de empréstimos para a aquisição de imóveis usados está aumentando significativamente no orçamento do FGTS. Segundo levantamento do Bradesco BBI, esses empréstimos passaram de representar de 5% a 10% do total entre 2020 e 2022 para atingir 35% em abril deste ano.
Analistas do banco alertam que a disponibilidade de recursos do FGTS tem sido uma das principais preocupações das construtoras, conforme discutido em um recente fórum de investimentos promovido pelo Bradesco.
A proposta das construtoras é que o governo direcione preferencialmente os recursos do FGTS para o financiamento de imóveis novos, argumentando que isso impulsiona a criação de empregos formais, fortalecendo o próprio fundo. Renato Correa, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), sugere que os financiamentos para imóveis usados tenham taxas de juros mais próximas do mercado, sem o subsídio do fundo.
Essa proposta encontra apoio também na Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que defende uma redistribuição dos recursos do FGTS para priorizar imóveis novos de maior qualidade, garantidos pelas construtoras e que estimulam a economia.
Contudo, qualquer mudança nesse sentido precisa ser aprovada pelo Conselho Curador do FGTS, que discutirá o assunto em sua próxima reunião agendada para 21 de maio. O conselho, composto por representantes do governo, empresas e trabalhadores, enfrenta uma certa resistência em atender às demandas das construtoras, uma vez que os imóveis usados são uma opção de moradia crucial em muitas áreas onde não há unidades novas disponíveis.
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Informações retiradas de Circe Bonatelli ao Estadão