Apesar da popularidade dos estúdios e microapartamentos em São Paulo, a construtora Patriani está apostando em apartamentos tecnológicos e mais espaçosos em sua estreia na cidade. “Criar um lar é muito mais desafiador do que construir um prédio”, afirma Valter Patriani, fundador da empresa, que está investindo em apartamentos com pelo menos 48 m2 na capital. Ele argumenta que esse espaço oferece “um quarto confortável, uma sala ampla, varanda e um banheiro espaçoso com janela”. Para Patriani, desde o início da pandemia, tornou-se crucial viver em um apartamento mais amplo e confortável, especialmente para acomodar o home office.
“As pessoas gostam, é uma casinha comportada e tem tudo o que um lar merece. Quando nós conversamos com as pessoas, ouvimos que elas veem o estúdio como um apartamento de oportunidade e de passagem, mas não como um lar definitivo. Se você vai fazer um curso em uma boa universidade, o estúdio resolve seu problema, mas não se for sua casa definitiva. Não é fácil viver em 25 m2. A ideia de fazer um apartamento compacto foi para criar uma alternativa ao estúdio.” – Valter Patriani, fundador da construtora Patriani.
A entrada da Patriani na capital foi marcada por um sucesso de vendas. Depois de 12 anos atuando apenas na região metropolitana de São Paulo, a construtora lançou dois empreendimentos na zona Sul em 2023. “Fizemos 85% de vendas em um curto espaço de tempo, foram 550 unidades. Agora só temos 10 unidades nos dois prédios disponíveis”, revela Patriani. Dois novos lançamentos já estão previstos, e a estratégia é construir edifícios próximos às estações de metrô devido à tendência de mobilidade urbana.
Atentos às tendências e às preferências do público, os prédios da Patriani são equipados com uma fazenda solar composta por placas fotovoltaicas, que proporcionam uma economia de 50% na conta de luz (e reduzem o valor do condomínio), elevadores que geram energia durante o funcionamento e geradores para casos de falta de energia na rede. “Daqui a 20 anos esses apartamentos ainda serão modernos, com iluminação, ventilação, fazenda solar e uma série de tecnologias embarcadas”, afirma Patriani.
Os apartamentos tecnológicos são vendidos com uma vaga de estacionamento designada no momento da compra, todas equipadas com ponto de recarga elétrica para veículos elétricos. Como são vendidos na planta, os compradores podem fazer um “test-drive” em um simulador para ter uma ideia da vista do apartamento escolhido e da incidência do sol, por exemplo.
Embora os apartamentos de 48 m2 sejam idênticos, os preços variam conforme o bairro. No Paraíso, por exemplo, custam R$790 mil cada, enquanto na Nova Chácara Klabin, onde os terrenos são mais acessíveis, saem por R$650 mil cada.
Patriani observa que, em 75% dos casos, a decisão final de compra do imóvel é tomada pelas mulheres. Levando isso em consideração, a empresa investiu em áreas que agradam a esse público. “Temos áreas de massagem, beauty care, estrutura para aulas de pilates, academia e uma área em comum, que chamamos de casa de campo”, detalha.
Antes de chegar à capital, a Patriani construiu em toda a região metropolitana, com sede em Santo André. Ao todo, são 27 empreendimentos e 2.400 apartamentos apenas no ABC.
A ideia inicial da empresa era construir dentro de um raio de 100 km da capital paulista, em cidades como Campinas, Baixada Santista, Sorocaba e São José dos Campos, além de Curitiba, no Paraná. “Campinas e Curitiba são duas cidades usadas para fazer teste porque têm um público bem exigente. Fomos usando essa experiência e chegamos a São Paulo”, explica Patriani. Segundo ele, as vendas no interior são mais difíceis devido ao maior conservadorismo e exigência do público, enquanto em São Paulo os clientes são menos criteriosos e fecham negócios mais rapidamente.
Até o momento, a construtora lançou 58 edifícios, com 28 já entregues, 25 em construção e três em fase de vendas, totalizando mais de 6.000 unidades. A Patriani tem crescido a uma taxa de 10 a 15% ao ano e tem registrado um faturamento anual superior a R$1 bilhão.
Tendência de Estúdios em Declínio
Os lançamentos de estúdios na capital paulista tiveram uma redução de 22,1% em 2023 em comparação com 2022, de acordo com o Secovi-SP. As vendas também caíram 17,4%. Especialistas atribuem essa mudança a alterações na legislação, como o novo Plano Diretor de 2023, mas afirmam que a tendência de apartamentos compactos ainda permanece na cidade.
Os estúdios, definidos como apartamentos com menos de 30 m2, foram os únicos que registraram queda no número de lançamentos e vendas na capital em 2023 em relação a 2022. Essa mudança ocorre após o boom de microapartamentos em São Paulo, com unidades de até 17 m2.
Atualmente, os lançamentos e vendas de apartamentos com mais de 30 m2 têm voltado a crescer na cidade. Os apartamentos de dois quartos lideraram os lançamentos e as vendas em 2023. Dos 73,2 mil imóveis lançados na capital paulista no ano passado, 47,1 mil unidades eram de dois dormitórios – representando 64% do total lançado no ano.
“Mudança reflete acomodação do mercado”, diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. Segundo ele, após o aumento dos lançamentos de imóveis compactos, o mercado conseguiu atender boa parte da demanda e agora está respondendo a outras, como apartamentos maiores. No entanto, os apartamentos compactos continuarão a ser lançados na cidade, embora em ritmo mais lento, tanto por serem mais acessíveis quanto por uma questão cultural, que acompanha São Paulo em linha com outras grandes capitais do mundo.
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Informações retiradas de Bárbara Muniz Vieira ao UOL.