Em 2021, quando surgiu o boato de que Elon Musk estaria vivendo em uma casa modular de 36 m² da startup Boxabl, elas já existiam há um bocado de tempo. Mas tirando algumas pessoas de vanguarda, ninguém dava muita bola. Na verdade ele só elogiou o projeto, mas bastou citar o nome do homem mais rico do mundo e a empresa viu uma fila de mais de 50 mil pessoas de olho no projeto.
Na verdade, as casas modulares surgiram no pós Segunda Guerra Mundial, quando o modelo foi utilizado para recuperar cidades bombardeadas na Europa e nos Estados Unidos e da Europa.
Há alguns anos foram “redescobertas” pelo ramo corporativo, o que acabou impulsionando também o setor residencial. Uma pesquisa do Markets and Markets mostra que o mercado das casas modulares representou US$82,3 bilhões (cerca de R$ 436 bilhões) em escala mundial em 2020.
E a estimativa é que chegue a aproximadamente R$577 bilhões até 2025. O Brasil, a China e o Japão são considerados os mercados em potencial para o desenvolvimento das casas modulares.
Mas o que são casas modulares?
As casas modulares são aquelas que são fabricadas fora do local em que será instalada, o que também é conhecido como offsite. É como um produto qualquer que você encomenda do jeito que quer, a empresa fabrica e entrega. Simples assim? Mais ou menos.
Basicamente há duas formas de casa modular, de acordo com Felipe Ventura, CEO da Opus Construções Modulares. Uma delas é a 2D, na qual parede, piso e teto são fabricados separadamente. A outra é a 3D, que é quando o bloco inteiro da casa já sai prontinho para ser montado.
Os materiais usados e os formatos do projeto podem ser bem variados: madeira bruta, engenheirada, laminada colada (MLC), chapas de OSB, placas de concreto, woodframe e steelframe (aço galvanizado e aço-carbono com chapa cimentícia).
Vantagens das casas modulares
A receptividade do mercado tem sido tão boa que a Opus já está abrindo uma nova fábrica com processos de modularização automatizados que aumentarão a escala da produção de mil módulos por ano para 13 mil.
“A expectativa é produzir dez casas por dia e entregar a compra, já montada, dentro de sete dias”, diz Ventura.
E não é à toa. As casas modulares apresentam tantas vantagens que já estão sendo consideradas uma revolução na construção civil. Conheça algumas delas.
Rapidez e baixo custo
Como as estruturas saem prontas de fábrica, uma obra que duraria um ano e meio pode durar apenas meses. Aliás, algumas das casas modulares já chegam até com sistema elétrico e hidráulico instalado. Chegou, é só montar e morar. E como os gastos com mão de obra também são menores, além da rapidez há também baixo custo.
Durabilidade
Rápida e barata, deve durar pouco. Que nada. Felipe Ventura conta que os materiais utilizados para a fabricação dos módulos são tão ou mais resistentes do que o concreto.
“O aço é uma das matérias-primas mais resistentes que existe, além de ter mais longevidade. Se você golpear uma parede de concreto com uma marreta, ela vai quebrar, enquanto o aço irá apenas entortar”, afirma.
Tratamento termoacústico
E mais uma vantagem das casas modulares é a possibilidade de fazer tratamento termoacústico. Inclusive, da mesma forma que nas construções tradicionais. Por isso, elas não ficam devendo nada ao cimento com tijolo quando a questão é isolar o calor ou o barulho.
Layout minimalista
O layout minimalista é uma das grandes tendências da arquitetura moderna. E esse é o efeito da montagem dos módulos. Mas há muito espaço para “viajar” no layout, então se você acha que as casas modulares são todas iguais, se enganou.
Ventura diz que, sim, é preciso ter um módulo básico. Mas daí em diante, tudo é questão de criatividade. E lembra o eterno brinquedinho Lego: “Uma peça é parecida com a outra, mas montando essas peças de formas diferentes, você tem edificações diferentes”.
Sustentabilidade
Sim, as casas modulares também são sustentáveis, porque têm desperdício zero de materiais. E esse é um dos grandes problemas ambientais da construção civil, responsável por 51% a 70% dos resíduos sólidos urbanos de acordo com uma tese de doutorado feita na USP São Carlos em 2009.
Na casa modular, tudo é calculado milimetricamente. E as chapas de aço galvanizado, por exemplo, já são cortadas na medida exata do que pede o projeto.
Fora isso, algumas empresas, como a Jomi Houses, já oferecem módulos compostos por painéis solares e sistemas de reutilização de água da chuva.
Desvantagens também existem
Como tudo na vida, as casas modulares também têm seu lado negativo. Um deles é não se darem bem em terrenos íngremes. Ou seja, quem adorou a ideia é que garantir uma casa modular para chamar de sua, precisa de um terreno plano. Isso acontece porque ela é autoportante, sem sustentação própria.
Um mercado puxando outro
E, como no mercado imobiliário estão sempre surgindo novas oportunidades, já tem empresa pensando nas casas modulares para locação de temporada. Ou seja, aquele público investidor que quer ganhar dinheiro com o aluguel de veraneio, estudo, turismo, etc.
A Jomi Houses já está investindo nesse nicho. De acordo com Kleverson Passos, idealizador da empresa, o primeiro projeto já está sendo construído em Pedra Azul (ES) e deve ser concluído em 2023. E tem mais: a iniciativa conta com “É uma proposta inovadora em ramos já consolidados. Além disso, o projeto tem DNA capixaba e será o modelo para a expansão desse formato de negócios para outros estados”, diz.
Fonte: Casa Vogue