A taxa média de financiamento imobiliário, que até o começo do ano acompanhou os ajustes na Selic, vai se manter em 9,33%, valor abaixo da taxa básica, que atualmente é de 11,75%.
Neste mês de março, essa taxa não acompanhou o aumento da Selic, e o CEO da plataforma Melhor Taxa explica o porquê.
“Isso ocorre porque um custo muito elevado pode inviabilizar o financiamento. Com o baixo crescimento da economia e elevado número de endividamentos, o espaço para reajustes é ainda menor.”
Alta da Selic gera reajustes nas taxas de financiamento imobiliário, mas ainda menores que a renda básica
De novembro de 2021 até o momento atual a Selic subiu 2,5 pontos percentuais, de 9,25% para 11,75%. A taxa de financiamento não acompanhou esse aumento, o incremento desde novembro do ano passado foi de apenas 0,12 pontos percentuais, de 9,21% para 9,33%.
A taxa menor que a Selic torna o ano favorável para aqueles que têm condições de comprar imóveis à vista e podem se beneficiar ao manter o valor aplicado e tomar um financiamento habitacional. Lógica semelhante é aplicada àqueles com grande parcelas de entrada, que podem, por sua vez, aumentar a fatia do crédito e investir parte do dinheiro que já possui.
Alberto Ajzental, coordenador do curso de negócios imobiliários da FVG, pontua que na situação em que o juros de financiamento se mantém abaixo da Selic, o ideal é manter o dinheiro aplicado e tomar o crédito. Mas também alerta: “É preciso lembrar de usar como referência o custo efetivo total [CET, que inclui taxas e seguros], que é o verdadeiro custo da operação bancária. Em geral, o CET fica 1 ponto percentual acima da taxa balcão. Além disso, é preciso saber qual será o retorno líquido da aplicação, ou seja, descontados impostos e taxas. Se aquilo que você aplica é superior ao que toma, então vale a pena.”
Para o presidente da Abecip, caso o BC anuncie nova alta da Selic, pode haver reajustes na taxa de financiamento: “Pode acontecer de uma nova alta da Selic terminar fazendo com a que a taxa do crédito imobiliário possa bater nos dois dígitos”, diz. Rocha, entretanto, pondera que, “no passado, mesmo com taxas nesse nível, a demanda arrefeceu um pouco, mas continuou forte”.
Já o sócio-fundador e executivo-chefe financeiro da assessoria digital de crédito Kzas, Eduardo Muszkat, entende como proveitoso para os bancos manterem o custo da taxa estável mesmo com o aumento da Selic: “Acho que as taxas nominais não vão subir mais a partir do patamar que a gente está, entre 9% e 10% ao ano”, afirma. “Em termos de valor, voltamos ao cenário de dois a três anos atrás, em que o mercado imobiliário estava forte e o crédito não era um desincentivo.”
Fonte: Valor