Um estudo recente da Planta Incorporadora revela que, apesar de São Paulo ser um dos maiores mercados imobiliários do mundo — com 28 mil edifícios e 1,4 milhão de apartamentos, totalizando 190,4 milhões de metros quadrados —, grande parte desse estoque é antiga e subutilizada. Os edifícios do centro têm, em média, 52 anos, enquanto a média nacional é de apenas 25 anos. Em resposta a essa situação, o governo municipal tem implementado iniciativas de revitalização para potencializar a valorização urbana e imobiliária da área.
As imobiliárias estão aproveitando essa oportunidade ao buscar propriedades no centro de São Paulo com alto potencial de valorização. Esse processo é conhecido como retrofit, que envolve requalificação e reformas significativas. Segundo Guil Blanche, fundador da Planta, essa tendência se caracteriza pela mudança de uso dos imóveis. “Os edifícios antigos consumiram muitos materiais e energia durante sua construção. O retrofit permite reciclá-los, revitalizando espaços antes subutilizados e emitindo até 70% menos gases poluentes”, afirma Guil.
Além da redução da pegada de carbono, o retrofit pode diminuir o consumo de energia em até 95%, conforme aponta o estudo da Planta. Essa abordagem oferece uma solução para a alta taxa de vacância comercial, exacerbada pela pandemia, e atende à crescente demanda por apartamentos para aluguel de curta e longa duração, representando uma alternativa sustentável ao modelo de construção nova.
Guil destaca que a requalificação frequentemente envolve a adaptação dos imóveis para novas vocações. “Um escritório pode ser transformado em residências que atendem melhor ao estilo de vida contemporâneo”, comenta. O portfólio da Planta inclui sete edifícios, prontos ou em desenvolvimento, somando 520 unidades residenciais e 32 unidades comerciais, com uma área total superior a 38 mil metros quadrados. A Vila Buarque se destaca como uma aposta promissora, atraída pelo seu crescente polo gastronômico e cultural.
Do total de cerca de 100 edifícios visitados no bairro, 50 estão em análise, abrangendo mais de 291 mil metros quadrados de área privativa, 2.000 unidades residenciais e um Capex total estimado de 2,7 bilhões de reais. O Capex médio é de 9.500 reais por metro quadrado, incluindo 65 lojas. A Planta visa um retorno anual de pelo menos 20% por meio de aluguéis, enfatizando que “nossa estratégia é desenvolver propriedades a custos relativamente baixos, garantindo retornos financeiros atrativos e rápidos”.
Recentemente, parte do portfólio da Planta foi adquirida pela Brookfield, uma gestora global de ativos. Com a aquisição, a Brookfield tornou-se proprietária do edifício Renata Sampaio Ferreira, tombado em 2012 pelo seu valor histórico e arquitetônico. Em 2023, o prédio passou por um processo de requalificação, mudando seu uso de corporativo para um complexo residencial, cultural e gastronômico. O projeto, assinado pela Metro Arquitetos, foi premiado na 4ª edição do Monocle Design Awards 2024.
A revitalização do mercado imobiliário em São Paulo, portanto, não apenas responde às necessidades habitacionais contemporâneas, mas também pode ser a chave para um futuro mais sustentável e dinâmico para a cidade.
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Informações retiradas de Leticia Yamakami a Veja