O grupo imobiliário chinês Country Garden enfrenta uma crise, com uma petição de liquidação apresentada a um tribunal de Hong Kong devido a uma dívida estimada em US$191 bilhões. A empresa, uma das líderes do setor na China, está sendo processada por um credor que busca aproximadamente R$1 milhão em indenização.
A empresa declarou que irá se opor firmemente ao pedido e está comprometida em comunicar-se e colaborar com seus credores internacionais para um plano de reestruturação. Prometeu anunciar as condições aos acionistas o mais breve possível.
Country Garden, enfrenta um aumento em suas dívidas, estimadas em aproximadamente R$930 bilhões até junho. O credor Ever Credit Limited, uma subsidiária da Kingboard Holdings com sede em Hong Kong, revelou que a Country Garden falhou no reembolso de um empréstimo de mais de R$ 1 bilhão, resultando em uma queda de 11% no preço das ações da empresa na quarta-feira passada. A situação financeira da Country Garden continua a ser monitorada de perto pelos investidores e analistas do mercado.
Crise de gigantes
Um tribunal de Hong Kong decretou em janeiro a falência da gigante imobiliária chinesa Evergrande, que enfrentava uma dívida astronômica de mais de US$ 300 bilhões. A decisão veio após a empresa não apresentar um plano convincente para sua reestruturação. A juíza Linda Chan, do Tribunal Superior, declarou que a falta de progresso da Evergrande na elaboração de uma proposta viável tornou a ordem de falência apropriada. A Evergrande, que já foi a maior empresa do setor na China, agora enfrenta um futuro incerto diante das repercussões dessa decisão judicial.
Após uma audiência anterior em dezembro, o tribunal de Hong Kong reiterou sua expectativa por uma proposta viável da Evergrande. A empresa, em meio a uma crise financeira, viu suas ações despencarem mais de 20% na Bolsa de Hong Kong, com a negociação sendo suspensa. Esta decisão judicial coloca em teste o alcance das decisões legais em Hong Kong, especialmente considerando que a maior parte dos ativos da Evergrande está na China continental.
Desde o início da crise do setor imobiliário em 2021, a Justiça da ilha já decretou a falência de ao menos três incorporadoras. No entanto, nenhuma delas se compara em complexidade à situação da Evergrande, que é a maior incorporadora do mundo em termos de ativos e possui um grande número de acionistas.
De acordo com a Bloomberg, os procedimentos de insolvência de empresas em Hong Kong têm reconhecimento limitado na China, o que levanta questões sobre como Pequim poderia intervir no caso, incluindo a possibilidade de nomear administradores judiciais dentro de sua jurisdição.
Após o acordo firmado em 2021 entre China e Hong Kong, o mercado está atento às ações dos administradores recém-nomeados da Evergrande, especialmente em relação ao reconhecimento alcançado. Lance Jiang, sócia do escritório Ashurst especializada em reestruturação, ressalta que a falência terá poder limitado sobre os ativos na China continental sem esse reconhecimento. No ano passado, um pedido de falência foi feito por um credor da Evergrande, mas o caso permaneceu sem decisão enquanto ambos os lados tentavam negociar um acordo.
Os problemas enfrentados pela Evergrande destacam a crise imobiliária de longa data na China, com o setor de construção e imobiliário já tendo representado um quarto do PIB do país.
O Presidente Xi Jinping expressou preocupação com o nível de endividamento da Evergrande e outras empresas, considerando-o um risco inaceitável para a estabilidade econômica de Pequim. Desde 2020, as autoridades têm restringido o acesso das empresas imobiliárias ao crédito, desencadeando uma série de calotes no setor.
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Informações retiradas de O Globo