Há alguns anos apartamentos nos últimos andares eram os mais difíceis de vender, principalmente as coberturas, devido aos custos de manutenção.
De acordo com o relato de Marcelo Alcântara, sócio-diretor da Esquema Imóveis, na década de 90 era quase impossível vender uma cobertura em São Paulo. Ele relata se recordar da sua mãe, que trabalhava como corretora na época, pronunciar frases como “o apartamento é maravilhoso, mas vai ser complicado de vender”.
Embora no Rio de Janeiro em prédios localizados nas Avenidas Vieira Solto, Martins Moreira e Epitácio, residir em uma cobertura significa ter uma vista privilegiada do mar ou até mesmo ter uma piscina privativa, em São Paulo as coisas eram diferentes, as coberturas eram vistas como certeza de infiltrações de água e custos mais elevados com manutenção e condomínio.
No entanto, nos últimos anos o mercado está se deparando com uma mudança. Hoje as coberturas de alto padrão da cidade de São Paulo, dependendo de alguns fatores, como bairro e planta, têm um valor de metro quadrado maior que os outros apartamentos do mesmo condomínio. Por exemplo na Vila Nova Conceição, uma cobertura com vista para o parque do Ibirapuera, tem uma demanda maior por compradores do que unidades à venda. E isso ocorre por mudanças na forma de morar das pessoas e em como é pensado este tipo de imóvel e até mesmo como reflexo da pandemia.
No final da década de 90 até meados de 2012, aconteceu um boom no lançamento de apartamentos. Bairros onde predominavam casas – Perdizes, Moema, Vila Nova Conceição, Alto de Pinheiros, Vila Olímpia e mesmo Vila Mariana e Paraíso – foram tomados por prédios.
Essa mudança trouxe uma nova perspectiva e as coberturas passaram a ser vistas como uma boa opção para aqueles que estavam trocando uma casa grande e confortável por um apartamento. Logo, as coberturas haviam caído no gosto de quem mora em São Paulo. Mas faltava que o mercado acompanhasse esta mudança de comportamento.
Então surgiram as Penthouses, que tem como característica, grandes áreas a céu aberto, piscina, elevador privativo para acessar o topo saindo do andar de baixo, privacidade, design de luxo e amplo espaço para circulação.
Hoje há boa oferta de coberturas deste tipo em São Paulo, com valores que vão de R$2 milhões até lançamentos que chegam a R$45 milhões ou imóveis prontos de até R$65 milhões.
O valor médio desses imóveis aumentou de R$3,5 milhões em 2019 para R$7 milhões em 2022. Em suma, área útil maior, privacidade, luminosidade e vista livre cujo firmamento pode ser apreciado sem barreiras para os olhos. Um local mais perto do céu, exclusivo, só seu é a nova tendência dos paulistanos.
Fonte: Forbes