A duas quadras da Avenida Paulista, o megaempreendimento Cidade Matarazzo impressiona com suas obras de engenharia arrojadas – e inesperadas. A mais recente novidade é a construção de um teatro subterrâneo com 17 metros de altura nos blocos do antigo Hospital Umberto Primo.
No local, as obras surpreendem pela simultaneidade de intervenções. Enquanto fachadas e telhados são restaurados, é feita também a demolição das estruturas internas e as escavações do subsolo.
Isso porque além de aproveitar a estrutura existente, o projeto também envolve expansões. Só que como a maior parte do complexo envolve construções tombadas, a solução foi crescer abaixo do nível do solo.
Assim, além do teatro, haverá ainda estacionamento, centro de convenções, cinema, lojas, restaurantes, depósito, área técnica e até uma dark kitchen (cozinha exclusiva para delivery) de alta gastronomia nos andares “negativos”.
Cidade Matarazzo tem entrega prevista para o fim de 2023
A estimativa é que todo o megaempreendimento bilionário esteja concluído até o fim de 2023. No total serão dois hotéis, escritórios, capela, gastronomia variada, espaço comercial para mais de 70 marcas estrangeiras e inéditas, spa, estúdio de música, cinema e um centro de artes e criatividade.
Haverá ainda 69 Casas de Artesãos, com trabalhos de artesanato típico de todas as regiões do Brasil. O teatro deve ter capacidade para 560 pessoas sentadas e 1500 em pé e fará parte da Casa da Criatividade.
A meta é atrair um público diário de 55 mil pessoas – ou cerca de 20 milhões de visitantes por ano.
“Não tem qualquer equipamento turístico que conheço no Brasil que tenha a capacidade de fazer um número tão grande”, diz o idealizador do complexo, o empresário francês, Alexandre Allard.
Além disso, o complexo será envolto por mais de 10 mil árvores nativas, o que deve transformar o local no maior parque privado da cidade. E o entorno terá um mercado orgânico ao ar livre para que a população de rua possa ser reintegrada por meio de uma formação em permacultura.
Conheça a história e os planos do complexo
O Cidade Matarazzo é um megacomplexo bilionário que pretende integrar passado, presente e futuro, unindo o que há de mais avançado em engenharia e arquitetura. O Hospital Umberto Primo, onde o teatro está sendo feito, foi construído em 1904 pela Società Italiana di Beneficenza.
O hospital foi à falência em 1993 e três anos depois o complexo foi comprado pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ). A intenção era firmar parcerias e construir um shopping e um hotel de luxo no local.
No entanto, o tombamento das construções impedia instalações que descaracterizassem o projeto original. Com isso, as construções foram abandonadas e acabaram invadidas por pessoas em situação de rua em 1998.
Em 2011 o complexo foi adquirido pelo empresário francês Alexandre Allard. Foram então feitas negociações com o CONDEPHAAT para que fossem permitidas algumas modificações na estrutura e a construção de novas edificações.
O coração do complexo será o Hotel Rosewood São Paulo, que ocupará o prédio da antiga maternidade. O responsável pela obra é o renomado arquiteto e designer francês Philippe Starck
Já a Torre Mata Atlântica, com 25 andares, será um complemento ao hotel, abrigando 150 quartos e 122 suítes particulares. Essa obra tem a assinatura do renomado arquiteto francês Jean Nouvel, ganhador do Prêmio Pritzker em 2008.
E a Casa da Criatividade foi projetada pelo arquiteto francês Rudy Ricciotti. Ele é o responsável pelo departamento das Artes Islâmicas no Museu do Louvre, em Paris.
Conceito Made in Brazil
Além disso, a Cidade Matarazzo também conta com a colaboração dos escritórios de design Ateliers de France, responsável pelos acabamentos de toda a obra, o franco-brasileiro Triptyque e o norueguês SPOL, que realizam a tropicalização do projeto.
O empreendimento trabalha com um conceito chamado Made in Brazil, com todos os profissionais e fornecedores contratados sendo brasileiros.
Ao todo, a obra custará cerca de R$3 bilhões. Desses, 35% são referentes à fase atual, que engloba os cinco blocos do antigo hospital. “Existe uma complexidade talvez nunca feita no Brasil”, diz o engenheiro George Sallum, diretor técnico do complexo.
Fontes: Estadão e Archtrends