Na sexta-feira (17), a China divulgou uma série de medidas consideradas “históricas” para enfrentar a crise no setor imobiliário. Estas incluem a permissão para que governos locais comprem apartamentos, flexibilização das regras de hipoteca e compromisso de conclusão de projetos inacabados, conforme relata a agência Reuters. O objetivo é compensar a redução na demanda, desacelerar a queda de preços e diminuir o estoque crescente de imóveis não vendidos.
Os investidores esperam que essas medidas representem o início de uma intervenção governamental mais decisiva para conter o declínio do mercado imobiliário, que já foi responsável por uma quinta parte do PIB chinês. Desde que o mercado começou a declinar em 2021, vários desenvolvedores entraram em default, deixando muitos projetos paralisados e minando a confiança dos consumidores no setor.
Analistas há muito tempo pedem uma intervenção direta do governo para sustentar o setor. Larry Hu, economista-chefe da Macquarie, considera a intervenção do governo na compra de estoques imobiliários como um passo positivo, mas ressalta que a eficácia dessas medidas dependerá de quem financiará essas aquisições e em que montante.
Entre as novas políticas, o Ministério da Habitação da China anunciou que governos locais podem instruir empresas estatais a comprar alguns imóveis a preços “razoáveis”, destinados a fornecer habitação acessível. O vice primeiro-ministro, He Lifeng, mencionou que esses imóveis seriam utilizados para programas habitacionais acessíveis, sem detalhar prazos ou metas específicas.
Além disso, o Banco Central da China anunciou a criação de um fundo de 300 bilhões de yuans (aproximadamente R$ 212 bilhões) para habitação acessível e prometeu reduzir ainda mais as taxas de juros de hipoteca e os requisitos de pagamento inicial. Essas medidas têm como objetivo aumentar a acessibilidade e estimular a compra de imóveis.
Apesar do otimismo no mercado de ações, a realidade do setor imobiliário chinês continua desafiadora. Os preços de novos imóveis caíram pelo décimo mês consecutivo em abril, e os investimentos no setor imobiliário diminuíram 9,8% nos primeiros quatro meses de 2024. As vendas de imóveis também registraram uma queda significativa de 20,2% em comparação com o ano anterior.
Embora as políticas recentes demonstrem a urgência das autoridades em abordar a crise imobiliária, o impacto a longo prazo ainda é incerto. A confiança dos consumidores precisa ser restaurada para uma recuperação completa do mercado imobiliário, enquanto questões sobre a demanda habitacional persistem em um país enfrentando uma desaceleração demográfica e onde a maioria das famílias já possui pelo menos uma casa.
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Informações retiradas de Exame