O mercado imobiliário está buscando se adaptar aos novos critérios de sustentabilidade, à medida que os conceitos de ESG (Environmental, Social and Governance) avançam globalmente. O setor imobiliário tem sido alvo de críticas devido às altas emissões de carbono associadas a ele.
No entanto, nos últimos anos, tem havido um movimento em direção a iniciativas que tornem o setor mais verde. Nesse contexto, as certificações de edifícios corporativos, como o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), têm ganhado destaque como validadoras do compromisso dos proprietários e investidores com a sustentabilidade.
O selo LEED, presente em mais de 160 países, avalia uma série de itens, como iluminação, ventilação, climatização, fontes de energia e uso eficiente da água. Criado em 1993 pelo United States Green Building Council, o selo tem ampliado sua relevância na validação dos aspectos de sustentabilidade de um empreendimento.
No contexto da América Latina, Brasil e México lideram em número de edifícios certificados, com mais de 1.500 e 1.200, respectivamente. Essa tendência demonstra a crescente importância dada à sustentabilidade no setor imobiliário da região.
O interesse crescente em certificações sustentáveis, como o WELL, destaca a importância da saúde, bem-estar e desempenho dos ocupantes de edifícios. O selo, criado em 2014, possui mais de 102 critérios a serem avaliados e no Brasil, há apenas 8 edifícios certificados, mas mais de 70 aguardam a auditoria.
A transparência na divulgação dos dados das avaliações proporciona segurança aos proprietários e investidores ao atrair empresas com políticas de ocupação definidas, muitas delas multinacionais com diretrizes globais. O aumento das certificações demonstra que a sustentabilidade traz retornos de negócios, e empresas como a JLL têm planos de ocupar apenas edifícios LEED e WELL em todo o mundo até 2030, alinhando-se a questões relacionadas à governança.
As instalações corporativas são a representação física da marca e como as organizações interagem com as comunidades locais. Como você seleciona locais para priorizar o acesso a espaços verdes, natureza e biodiversidade? O bairro é acessível e de fácil acesso para os funcionários? Como você faz parceria com os proprietários para incorporar as prioridades ESG nos contratos de locação? Como as locações verdes podem apoiar as metas ESG?
Como você pode melhorar a cultura e a inclusão em seu espaço de trabalho físico? Quais aprendizados locais e oportunidades de treinamento você pode oferecer para promover um maior envolvimento da comunidade? Qual papel o setor imobiliário pode desempenhar no apoio aos negócios locais e na promoção do desenvolvimento econômico da comunidade vizinha?
Em mercados mais maduros como o europeu e o asiático, as certificações verdes atingiram um patamar standard quanto à busca por espaços corporativos, deixando de ser um critério “premium”. Isto é, os projetos imobiliários já partem desses critérios avaliados e o estoque construído de alto padrão está majoritariamente adaptado.
Agora, essas regiões caminham para a consolidação de cláusulas verdes descritas nos contratos, indo para além dos aspectos ambientais de maneira a garantir que as questões sociais também sejam consideradas pelos empreendimentos.
No Brasil, a iniciativa de ter em contrato as obrigações de sustentabilidade já chegou, mas ainda de forma tímida. Estamos evoluindo na percepção de que esses critérios não são “perfumaria”, mas sim essenciais para a manutenção de nossos negócios, nossos mercados diretos e da nossa sociedade como um todo.
Uma ideia que pode surgir a partir da conquista das certificações é a de que, uma vez que os objetivos foram atingidos, não é mais preciso olhar para o assunto, o que seria um equívoco. Novamente, conquistar um selo de desempenho sustentável é um enorme passo, porém deve-se permanecer alerta e em constante evolução em busca de inovações. É por isso, também, que essas validações não bastam para o ESG.
O mercado imobiliário precisa não só responder como acompanhar os avanços velozes da sociedade e refletir em seus empreendimentos as mudanças comportamentais e tecnológicas para não ficar obsoleto.
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Informações retiradas de Luciana Arouca à Exame