Qual é o futuro da transformação digital no setor imobiliário? Essa é a pergunta que o Nilson Silva responderá para você nessa entrevista!
Que a tecnologia vem contribuindo cada dia mais para o desenvolvimento do mundo em que vivemos não é mais surpresa para ninguém, no entanto, mesmo acostumados às mudanças e modernidades da atualidade, todos os dias nos esbarramos com soluções diferenciadas que colaboram com diversos nichos e segmentos do mercado. Este é o caso das proptechs, empresas voltadas para o mercado imobiliário que utilizam a tecnologia para oferecer soluções integradas e que facilitam o dia a dia dos negócios imobiliários, podendo envolver desde a gestão total do negócio a produtos e serviços isolados.
Nosso principal parceiro, Imobzi, é uma proptech que oferece um software com sistema de gestão para imobiliárias, transformando qualquer imobiliária tradicional em digital em poucos passos e atualmente é a plataforma digital mais completa para imobiliárias do Brasil. No entanto, antes disso se tornar uma realidade, houve um planejamento e uma ideia em execução.
Na semana em que a empresa completa 19 anos, o Papo Imobiliário conversou com Nilson Silva, CEO da plataforma Imobzi, sobre como tudo começou e quais são as expectativas para o futuro da transformação digital no setor imobiliário
Antes mesmo de a Imobzi se tornar uma plataforma, houve um planejamento e uma ideia. Você pode nos contar um pouco sobre a sua trajetória pessoal e o momento em que a Imobzi virou realidade?
Tudo começou quando eu fui comprar um imóvel em uma imobiliária, a ABSOUZA Imóveis, e tive de preencher uma ficha – naquela época era comum as fichas nas imobiliárias para a organização dos imóveis – e eu já cursava análise de sistemas, além de ter envolvimento com o departamento financeiro, que era a área em que eu atuava. O proprietário da imobiliária, o Sr. Souza, soube da minha área de atuação e perguntou se eu poderia desenvolver um sistema para ele. Na época, não seguimos com a ideia, mas um ano depois, em 2003, eu voltei à imobiliária e perguntei se já haviam desenvolvido o sistema, ou se ainda estavam à procura. Fiz um orçamento simbólico e começamos o trabalho. Um trabalho que teria o prazo de 3 meses, a primeira versão foi entregue 18 meses depois (risos).
Neste momento, ainda não estávamos vendendo, mas com os meses foram surgindo outros clientes potenciais e nós começamos a, de fato, vender. Fui para a rua, vender de porta em porta nas imobiliárias, passamos a anunciar no Google – quando não era muito comum, e fizemos alguns vídeos, que também ninguém fazia. Começamos a receber bastante leads e foi neste momento que começou a escala de vendas. Basicamente este foi o nosso pontapé inicial.
Quais oportunidades você enxergou no mercado imobiliário que despertaram sua atenção para esse nicho?
Naquele momento, a oportunidade que eu vi, profissionalmente e o meu forte, era o financeiro. Eu tinha um domínio muito grande de finanças, conciliação bancária, contas a pagar e a receber, lidar com bancos e etc. Como eu tinha esse domínio, de outras empresas que eu tinha passado, eu enxerguei essa oportunidade. Na época, praticamente não havia sistema para imobiliárias que ofereciam o financeiro. Havia a gestão de locação, mas não era estendido ao financeiro, com todas as soluções do dia a dia de um negócio. Essa foi a oportunidade que eu vi para imobiliárias na época.
Dentro dos anos de mercado da Imobzi, quais foram as principais mudanças no negócio e por que vocês decidiram mudar?
Lá atrás, começou como um ERP, mas as coisas vão evoluindo e o próprio mercado vai nos direcionando. Os clientes começaram a nos procurar com demandas de integração já para o Imobzi – que estava instalado nas imobiliárias. Como integrar o site, por exemplo. Começamos a oferecer sites, que era uma grande dor das imobiliárias. Passamos por algumas barreiras, como a gestão de dados de uma imobiliária e novos produtos foram surgindo, como o Imobzi Nuvem, por exemplo.
Tínhamos uma solução que surgiu em 2004, mas ao longo dos anos foi sendo modificada para atender as demandas dos nossos clientes. Em 2015, conversando com minha sócia, vimos que precisávamos de uma mudança total. Paramos os projetos em andamento, olhamos o mercado, identificamos a necessidade e os players principais e desenvolvemos uma solução do zero que fosse uma plataforma, com rede de negócios, pensando, de fato, como uma plataforma.
Hoje vemos um mercado em atualização. A digitalização é uma realidade que muitas empresas estão conhecendo agora. Como foi para vocês toda essa adaptação?
Ao longo de nossa história, passamos por algumas adaptações. Essas adaptações colaboraram para a adaptação atual. O mercado foi mudando, inserindo novas soluções e, para todas elas, precisamos descobrir como oferecer para o cliente e ganhar a sua confiança. Como o processo de locação, por exemplo. Atualmente é possível emitir um único relatório com todos os dados do interessado no imóvel, o que antes era um amontoado de documentos e dados. Temos o contrato eletrônico também.
A pandemia contribuiu para isso, para essas atualizações. Todo um ecossistema foi construído para facilitar esses processos.
Muitas imobiliárias são consideradas negócios tradicionais. Qual a sua visão sobre como a Imobzi pode contribuir com o futuro dos negócios tradicionais?
Eu sou suspeito em dizer (risos), mas com a Imobzi a imobiliária vai digitalizar todo o negócio. Oferecemos soluções que são 100% digitais, como a locação online, por exemplo. O cliente consegue fazer tudo em poucos passos. Se formos pensar em um atendimento em escala, como é na indústria, quem consegue escalar mais rápido e com menos custos – como a locação manual versus a online, por exemplo – está à frente. As imobiliárias devem olhar as tendências do mercado, para onde o mercado está apontando em termos de soluções, como o autosserviço e o comportamento do cliente. O processo de locação está cada dia mais fluido, ninguém mais quer gastar semanas e semanas para alugar um imóvel, mas quer que isso seja resolvido em, no máximo, 4 a 5 dias.
Tecnologia custa muito, milhões eu diria, mas hoje está disponível em um valor acessível às imobiliárias por mês. É muito viável hoje que a imobiliária seja 100% digital sem dever nada para as grandes plataformas.
A Imobzi vem se atualizando e incrementando o portfólio de produtos e serviços ao longo dos anos. Na sua opinião, qual a visão que não pode faltar para os executivos do mercado imobiliário?
Eu acho que o principal, sem esquecer da digitalização, claro, é pensar na questão comercial. Há muito ainda para ser explorado comercialmente, inclusive usando modelos tradicionais, como os anúncios com placa – que trazem muitos leads para as imobiliárias. Outro ponto, também relacionado ao comercial, é o atendimento. O atendimento ao lead deve ser imediato. O contato entre cliente e corretor tem de ser imediato e sem barreiras, dessa forma a imobiliária entrega valor e se diferencia dos seus concorrentes. O cliente pode falar com mais de uma imobiliária ao mesmo tempo e realizar o atendimento rápido pode ser decisivo neste momento.
Sabemos que a Imobzi, atualmente, está entre as plataformas digitais mais completas para imobiliárias no Brasil. Para você, o que contribuiu para que chegassem a este momento e como serão os próximos anos do negócio?
Há muitos projetos para o futuro, mas, basicamente, para o mercado imobiliário neste ano vamos focar bastante no processo para vendas na imobiliária digital. Nosso objetivo é simplificar e digitalizar esse processo. Um processo online, através de um aplicativo e integrando parceiros que entreguem dados, facilitando os processos de financiamento, averbação, matrícula de imóvel, avaliação do imóvel. Seguindo nessa linha, pensando na digitalização e também na parte comercial, oferecendo apoio e suporte ao corretor.
Para o futuro da Imobzi, posso dizer que nosso investimento em tecnologia não para. Temos uma equipe de desenvolvedores muito forte e queremos continuar inovando para integrar valor e desenvolver o que o cliente precisa. Não queremos que a Imobzi seja um Frankenstein do mercado imobiliário, oferecendo diversas soluções que o cliente não precisa. Queremos ser cada vez mais assertivos e oferecer soluções pontuais, por isso ouvimos bastante o cliente, para saber se o que propomos faz sentido. Olhamos para as tendências, mas também olhamos para o que resolve o problema do nosso cliente.
O mercado imobiliário tem se tornado cada vez mais competitivo, principalmente com a presença de grandes players. Como você enxerga o futuro dos pequenos e médios negócios imobiliários?
Acho que o ponto central é o corretor. O corretor precisa entender que ele não apenas apresenta um imóvel ao cliente, mas é o responsável por todo o processo, inclusive chamar o cliente para o fechamento. Acho que hoje, pela competição que existe no mercado, inclusive pelos grandes players, o que faz a diferença é o corretor. No final, falamos com um ser humano, queremos falar com alguém, estamos tratando um bem – que é o imóvel – e, num mercado competitivo, a profissão do corretor é insubstituível sempre.
Uma imobiliária com um time comercial vibrante e corretores engajados em serem vendedores, conseguem suplantar qualquer plataforma do mercado imobiliário.
Você acredita que o mercado imobiliário tradicional corre perigo frente às mudanças mais recentes? Isto é, a modernização na forma como se faz negócios, as mudanças globais e comportamentais e a inserção de grandes players no mercado.
Para o mercado tradicional, a digitalização deve acontecer, obviamente, mas a tecnologia deve sempre ser o meio e não o fim. O fim é a compra do imóvel. A tecnologia agiliza o processo, mas o fim deve ser sempre apresentar o imóvel ao cliente e finalizar a venda e, para isso, o fator humano é essencial.
Qual conselho você daria para os novos ingressantes no mercado imobiliário?
Os novos ingressantes têm a oportunidade de começar 100% digitalizados, mas também não podem esquecer do que já foi praticado pelas imobiliárias tradicionais. Trabalhar as redes sociais num processo orgânico e não apenas em anúncios também é um caminho bacana para escalar as vendas.
Dá para iniciar com boas tecnologias, como a nossa, por exemplo, sem se esquecer de explorar tantos cases que já existiram e estão aí para servirem de exemplo.
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