De acordo com o Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do Brasil cresceu 6,5% desde 2010, ultrapassando a marca de 203 milhões de habitantes. Esse aumento populacional também refletiu no número de domicílios, que registrou um crescimento de 34,21%.
Em 2010, o país contava com 67,5 milhões de residências, enquanto o levantamento mais recente revelou a existência de 90,7 milhões de domicílios em todo o território nacional. Deste total, 90,6 milhões são domicílios particulares permanentes, 66 mil são domicílios particulares improvisados e 105 mil são domicílios coletivos.
Construção descontrolada?
O ritmo de crescimento da população brasileira está desacelerando em relação ao número de domicílios, de acordo com Renato Cymbalista, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Ele explica que essa tendência é impulsionada pela diminuição do tamanho das famílias e pela valorização dos ativos imobiliários. O aumento da expectativa de vida, o aumento de pessoas vivendo sozinhas, sem filhos e divorciadas, bem como o número crescente de jovens deixando a casa dos pais, contribuem para essa mudança demográfica.
Essa perspectiva é confirmada pelos dados do Censo do IBGE. Entre 2010 e 2022, o número médio de pessoas por residência diminuiu de 3,3 para 2,8, representando uma queda de 18,7% nesse período. Essa diminuição é mais acentuada do que a observada entre os Censos de 2000 e 2010, que foi de 13,5%.
No entanto, Cymbalista alerta, também, para o descasamento entre oferta e demanda.“Com tantos imóveis construídos, mesmo com a quantidade de locais vagos, é difícil entender se os domicílios estão chegando ao mercado porque as pessoas precisam ou porque existe um mercado que incentiva essa tendência.”
Domicílios vagos
Um novo estudo revelou que o Brasil atingiu um recorde histórico de domicílios vazios, com cerca de 20% dos imóveis registrados estando desocupados. Isso representa um aumento de 87% em relação ao último Censo do IBGE realizado em 2010. Dos domicílios vazios, 12,6% são de propriedade particular, ou seja, estão disponíveis para venda, aluguel ou aguardando demolição.
O levantamento também destacou a diversidade de formas como os brasileiros se relacionam com suas residências. Cerca de 7,4% dos domicílios foram classificados como permanentemente não ocupados, um aumento de 70% nos últimos 12 anos. Esses imóveis são considerados residências de uso ocasional, como casas de veraneio, por exemplo.
Só na cidade de São Paulo, o número de domicílios sem moradores mais do que dobrou entre 2010 e 2022. O crescimento de 103% indica que são 588.978 casas ou apartamentos considerados vagos, o que equivale a 12 vezes a população de rua na capital paulista. Em 2010, o número de imóveis nessas condições era de 290.317.
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Informações retiradas de Breno Damascena à Estadão