A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor para 2024, elevando-a de 1,3% para 2,3%. Essa revisão supera as expectativas para o PIB do Brasil este ano. Entre os motivos por trás dessa atualização estão o aumento contínuo das contratações, a perspectiva positiva das empresas para compras e lançamentos, e a projeção otimista para o crescimento econômico do país. Além disso, há também considerações sobre os efeitos das mudanças previstas para o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (29), pela internet, para divulgar os dados do estudo Desempenho Econômico da Construção Civil no 1º Trimestre de 2024 e Perspectivas, o presidente da CBIC, Renato Correia, e a economista da entidade, Ieda Vasconcelos, destacaram que a indústria da construção fechou 2023 com uma queda de 0,5% em seu PIB. Esse resultado ficou aquém das expectativas iniciais da entidade, que projetava um crescimento de 2,5% no início do ano passado. Segundo Ieda, “A taxa de juros em patamares elevados, a desaceleração de pequenas obras e reformas e a demora na efetivação das novas condições do MCMV ajudam a explicar o resultado naquele trimestre”.
No entanto, o setor apresentou um crescimento de 4,2% no 4º trimestre de 2023, o que ajudou a atenuar o declínio registrado no trimestre anterior (-3,7%) e a queda acumulada ao longo do ano. Essa recuperação, ainda em 2023, e um cenário mais promissor no início de 2024 contribuíram para a revisão positiva da previsão de desempenho para este ano.
Quanto aos custos, houve alguma estabilidade no primeiro trimestre de 2024, com um aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE) de 1,42% e um incremento do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC/FGV) de 0,68%. No entanto, segundo o presidente da CBIC, apesar dessa estabilidade, os custos permanecem em níveis muito elevados, o que prejudica o setor.
Desde janeiro de 2020 até março de 2024, o INCC aumentou 41,05% e o IPCA, 29,11%, enquanto os custos com materiais e equipamentos cresceram 58,58% e, com a mão de obra, a alta foi de 32,02% no mesmo período.
Apesar dos desafios, os empresários do setor estão otimistas em relação ao nível de atividade, especialmente para o lançamento de novos empreendimentos e realização de serviços. Essa perspectiva positiva também se reflete na expectativa de compra de insumos e matérias-primas.
Porém, há preocupações com o financiamento imobiliário. O aumento no volume de aquisição de imóveis usados, com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), tem sido maior do que o de imóveis novos. Renato Correia ressalta a importância de uma revisão nos parâmetros de liberação de imóveis usados, argumentando que o FGTS deveria priorizar os imóveis novos para estimular a geração de empregos e a alimentação do próprio Fundo.
Outro ponto de atenção é a queda constante no financiamento com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) desde 2022, o que resulta em menos recursos disponíveis para o financiamento imobiliário.
Correia destaca a necessidade de buscar novos instrumentos para lidar com essa situação, mencionando o programa “Acredita”, lançado recentemente pelo Governo Federal, como uma iniciativa que visa melhorar os recursos disponíveis para o setor.
Em resumo, apesar dos desafios enfrentados, o setor da construção civil mantém expectativas positivas para o ano de 2024, embora haja preocupações com questões como custos elevados, financiamento imobiliário e instabilidade econômica.
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Informações retiradas de CBIC