A nova linha de crédito da Caixa Econômica Federal, direcionada ao retrofit de prédios antigos, promete impulsionar a revitalização de imóveis, mas a sua efetividade depende de uma série de ações do poder público nas áreas que necessitam de revitalização. Especialistas do setor destacam que a viabilidade econômica desses projetos está atrelada a medidas complementares para tornar os investimentos atrativos.
O grande diferencial dessa modalidade de financiamento é a possibilidade de utilizar os recursos para a compra de imóveis já existentes, ao invés de apenas para a aquisição de terrenos, como ocorre nas linhas de crédito tradicionais. De acordo com Teodomiro Diniz, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Belo Horizonte (Codese-BH) e diretor da Construtora Diniz Camargos, “isso pode ser determinante para as incorporadoras viabilizarem os negócios”. O custo de aquisição de um imóvel já construído ou em construção é bem mais alto do que o de um terreno vazio. Equiparar esse custo ao da compra de um terreno sem construção pode ser a chave para tornar o retrofit mais viável economicamente.
Além disso, a nova linha de crédito permite a antecipação de até 50% dos recursos destinados ao incorporador, enquanto o crédito imobiliário tradicional oferece uma antecipação de apenas 10%. “Isso é determinante, porque as empresas não têm esse capital para comprar o imóvel. O custo do capital é alto, mas tendo ele nas bases de financiamento imobiliário, o custo é mais baixo”, afirma Diniz. As taxas de juros desse financiamento serão compatíveis com as do sistema FGTS, mais vantajosas do que as taxas do mercado.
A linha de crédito será financiada por recursos do FGTS, do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e recursos livres, com juros abaixo do mercado, o que torna a proposta ainda mais atrativa. Contudo, o arquiteto e membro do conselho deliberativo da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), Alberto Dávila, ressalta que, apesar dos benefícios do crédito, a revitalização de áreas urbanas também depende da ação pública.
Para Dávila, é essencial que o setor público resolva questões estruturais, como transporte, saneamento, iluminação e segurança pública, para que a revitalização seja bem-sucedida. “Se não houver agilidade na documentação e na solução de problemas urbanos, o investimento no retrofit de imóveis pode não se concretizar, mesmo com o crédito facilitado”, alerta o arquiteto. Ele acrescenta que, atualmente, “60% das lojas do centro de Belo Horizonte estão fechadas devido a essas condições precárias”.
“Embora a Caixa esteja fazendo sua parte, é necessário um conjunto de ações do poder público para viabilizar a revitalização. Só a Caixa oferecendo o financiamento não será suficiente”, finaliza Dávila.
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Informações retiradas de Marco Aurélio Neves ao Diário do Comércio