A Caixa Econômica Federal, líder no crédito imobiliário, está se preparando para um cenário onde as principais fontes de financiamento, como a caderneta de poupança e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), podem apresentar restrições. Para enfrentar esse desafio, o banco planeja utilizar o mercado de capitais como uma alternativa para diversificar as fontes de recursos.
De acordo com informações fornecidas pela Caixa ao Money Times, a estratégia visa complementar os produtos tradicionais de financiamento à habitação e garantir suporte em todas as fases de um empreendimento imobiliário. “Com isso, a Caixa pode proporcionar, com o apoio de investidores, o financiamento desde a formação do land bank até eventos pós-obra, como antecipação de dividendos e refinanciamento de estoques”, explicou o banco, que atualmente detém 68% do mercado de crédito imobiliário.
Estruturação de Securitização e Assessoria Financeira
Para reduzir a dependência das fontes tradicionais, a Caixa planeja as seguintes iniciativas:
Estruturação e Distribuição de Operações de Securitização: O banco auxiliará empresas a transformar seus recebíveis futuros em títulos, conhecidos como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Essa operação é útil para empresas que buscam financiar a construção de imóveis, vender estoques prontos ou antecipar recebíveis de contratos. Esses títulos podem ser vendidos a investidores ou mantidos pelo próprio banco, dependendo das condições do mercado.
Venda de Operações de Securitização: As operações organizadas pela Caixa podem ser vendidas prioritariamente a investidores ou mantidas no banco, dependendo das condições e do interesse em investir.
Assessoria Financeira para Empresas Imobiliárias (Sell Side): A Caixa oferecerá suporte financeiro a construtoras que desejam atrair investidores, facilitando a compra de terrenos, o início de obras e a venda de imóveis já prontos para renovação do portfólio.
Assessoria Financeira para Investidores (Buy Side): Nesta modalidade, a Caixa assessorará investidores em busca de oportunidades no setor imobiliário, permitindo que eles participem com capital próprio ou financiem projetos em parceria com construtoras.
Cenário Atual do Financiamento Imobiliário
Especialistas afirmam que o setor imobiliário está passando por uma transição, buscando alternativas no mercado de capitais para retomar o crescimento. Entre 2000 e 2009, o mercado cresceu de cerca de 2% do PIB para aproximadamente 10% em 2015, mas desde então permanece estagnado.
Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que a participação do mercado de capitais como fonte de financiamento cresceu de 30% para 40% desde 2022. Os investidores estão utilizando instrumentos como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs) e Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs), seja de forma isolada ou combinada com a poupança.
“Este é o protagonismo desejável para o mercado de capitais, de gerar um mercado dinâmico de compra e venda de ativos imobiliários, recompondo a liquidez dos bancos para a geração exponencial de novos ativos”, afirmou a instituição.
Aumento na Contratação de Crédito Imobiliário
A Caixa também observou que a dinâmica de contratação do crédito imobiliário está relacionada à taxa básica de juros da economia. Apesar da alta da Selic, o banco contratou em setembro de 2024 cerca de 23% a mais do que no mesmo mês de 2023, com a participação do FGTS crescendo quase 34%.
Além dessas inovações, a Caixa Econômica Federal anunciou que reduzirá o valor de financiamento para imóveis a partir de 21 de outubro de 2024. As novas regras se aplicam a imóveis novos, usados, comerciais e construção individual, e estabelecem que os compradores precisarão ter 30% do valor do imóvel, ao invés de 20% como antes. Ademais, a instituição não permitirá que os clientes tenham mais de um financiamento ativo.
“Considerando a demanda observada e o orçamento para crédito habitacional aprovado para o ano de 2024, prevemos um crescimento da carteira entre 8% e 12%, o que poderá superar o limite máximo projetado para o período”, concluiu a Caixa.
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Informações retiradas de MoneyTimes