Mais investidores de peso são atraídos para o mercado dos imóveis residenciais de aluguel no Brasil. O conglomerado canadense Brookfield acaba de anunciar uma segunda rodada de investimentos nos empreendimentos Luggo, braço da MRV no segmento.
Em dezembro de 2021 a empresa já havia comprado 5,1 mil apartamentos da Luggo, totalizando um investimento R$1,26 bilhão. E tudo indica que o próximo pacote, que deve ser fechado nos próximos seis meses, deve ter o mesmo volume.
Seguindo uma tendência dos maiores mercados globais, o segmento brasileiro dos imóveis residenciais de aluguel não para de crescer. Nos Estados Unidos, a Brookfield já é líder e aumenta cada vez mais sua participação no nicho, com 55 mil unidades.
Maior parte dos imóveis residenciais de aluguel pertence a pessoas físicas no país
Atualmente a maior parte dos imóveis residenciais de aluguel pertencem a pessoas físicas. Com um ramo ainda tão pouco explorado pelas empresas, se a próxima rodada se concretizar mesmo por aqui, a Brookfield também deverá dominar o setor brasileiro, totalizando um portfolio de 10 mil apartamentos.
E não é de hoje que a empresa vem estudando o crescimento do setor. Há quatro anos ela vem notando um movimento crescente entre a classe média das capitais e regiões metropolitanas.
Com aluguéis entre R$1,5 mil e R$3 mil, grande parte do público é composta por jovens entre 22 e 42 anos, os chamados Millennials. Essa é uma geração que valoriza a mobilidade oferecida pela moradia de aluguel e não tem pressa em ter a casa própria.
E é também uma geração conectada, que faz questão de serviços, soluções tecnológicas e medidas sustentáveis nos empreendimentos. E está disposta a pagar por isso.
Concorrência começa a aumentar
Mas se a Brookfield está prestes a liderar o segmento, ela está longe de ser a única de olho nos imóveis residenciais de aluguel. Por um lado, há os empreendedores tradicionais, apesar de terem o foco mais voltado para a classe alta, com aluguéis entre R$4 mil e R$15 mil.
Mas, por outro, várias startups, fundos e empresas começam a alinhar interesses com a tendência, no mesmo nicho que a Brookfield. SKR (numa parceria entre Cyrela, CPP e Greystar), Vila 11, Plano&Plano, Yuca, Vitacon, JFL Realty e VBI são algumas delas.
Ainda assim, o volume de investimentos da Borookfield é maciço. Dos 5,1 mil apartamentos adquiridos da Luggo, 648 já foram entregues. São imóveis residenciais para aluguel no centro da cidade de São Paulo, Piqueri (Zona Norte paulistana), Contagem (MG), Lauro de Freitas (BA).
Para frente, há ainda o famoso Edifício Glória, no centro do Rio de Janeiro, e que foi comprado da BR Properties, 1,8 mil unidades que serão construídas e repassadas pela Lugo à Brookfield até o fim de 2023 e outras 2,5 mil até o fim de 2025.
Os imóveis ocupados até agora têm contratos de 30 meses, reajustados anualmente pelo IPCA. A inadimplência está em 1,5%.
Serviços oferecem diferenciais
A estratégia da Brookfield tirar o foco da compra de um imóvel pelo programa Casa Verde e Amarela e oferecer vantagens no aluguel facilitado. E, para isso, a empresa aposta nos diferenciais de serviços e facilidade de contratação.
Os locatários não precisam ter fiador e a avaliação de crédito é feita online e em poucos minutos. Por padrão, os apartamentos podem ser totalmente mobiliados ou ter apenas armários. Já as áreas comuns contam com parcerias para oferecer lavanderia e carro elétrico (pagos à parte), choperia pay per use na churrasqueira, bicicletas e minimercado.
A estimativa da empresa é ter retorno dentro de dez anos e vender os ativos após esse prazo.
Fonte: Estadão