Muitos brasileiros têm enfrentado desafios relacionados ao preconceito e à xenofobia na procura por moradia. Relatos destacam a dificuldade de encontrar acomodações devido a atitudes discriminatórias. O aumento expressivo de brasileiros em Portugal destaca a necessidade de abordar questões de integração e combater o preconceito para garantir uma transição suave e acolhedora para os novos residentes.
O processo de encontrar moradia tem sido desafiador para muitos, embora não haja dados oficiais sobre denúncias relacionadas a discriminação nesse contexto. A advogada Márcia Alcantara, transferida do Brasil para Portugal em agosto de 2023, enfrentou dificuldades ao procurar um imóvel, apesar da assistência da empresa empregadora. Durante a busca, um proprietário se exaltou ao descobrir que ela era brasileira, recusando-se a alugar alegando estereótipos negativos. A situação evidencia a xenofobia enfrentada por estrangeiros no mercado imobiliário, apesar de suas credenciais e condições favoráveis.
Restrições e burocracia
A corretora brasileira Amanda Barreto Mello, atuante no mercado imobiliário português desde 2015, revelou que alguns proprietários em Portugal têm restrições em relação a alugar imóveis para brasileiros. Segundo ela, estereótipos como fazer barulho, ouvir música alta e ter mais pessoas residindo no local são comumente associados aos brasileiros. Contudo, observou uma mudança gradual na mentalidade, especialmente em Lisboa, com a aceitação crescente de brasileiros de classe média, média alta, doutorandos e empresários.
Apesar disso, a corretora confirmou ter ouvido explicitamente de proprietários que se recusavam a alugar para brasileiros, citando más experiências passadas. Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos brasileiros na hora de alugar um imóvel em Portugal estão a falta de fiador, a ausência da declaração do imposto de renda e a inexistência de um contrato de trabalho.
A visão de um proprietário
Antonio Valente, renomado investidor imobiliário português, revelou sua estratégia de locação, direcionada principalmente a estrangeiros, incluindo brasileiros. Apesar de exigir documentação e garantias, ele enfrentou problemas como inadimplência e danos à propriedade por parte de alguns inquilinos brasileiros.
O empresário observa que, devido ao foco em casas pequenas, seu público-alvo é majoritariamente estrangeiro. No entanto, relata desafios específicos ao lidar com inquilinos brasileiros, mencionando desrespeito às tradições locais, excesso de ocupação e ruídos.
Valente, ao comentar suas experiências adversas, destaca que, como em qualquer setor, existem boas e más pessoas. Revela casos de brasileiros que fugiram sem pagar o aluguel e um incidente em que um inquilino causou danos significativos à propriedade.
A Associação Nacional dos Proprietários (ANP) foi procurada para comentar sobre a resistência de proprietários portugueses em relação a inquilinos brasileiros e a presença expressiva destes no mercado imobiliário português. No entanto, a ANP se absteve de comentar, alegando falta de dados sobre o assunto.
O canal para denúncias de xenofobia
Diante de casos de xenofobia ou discriminação racial, os brasileiros têm a opção de buscar auxílio na Comissão Para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), um órgão do governo Português. A queixa pode ser formalizada por meio do site ou da Linha de Apoio ao Migrante, disponível de segunda a sexta, das 9h às 19h, pelos números 808 257 257 (rede fixa) ou 218 106 191 (rede móvel). O CICDR oferece suporte jurídico gratuito aos necessitados.
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Informações retiradas de G1