A crise imobiliária na China vem crescendo significativamente, centenas de proprietários insatisfeitos deixaram de quitar os financiamentos após a interrupção das obras. De acordo com a S&P Global, empresa norte-americana de análise financeira, o boicote aos financiamentos podem ultrapassar U$145 bilhões, o equivalente a R$733 bilhões, enquanto outros analistas afirmam que os números podem ainda ser maiores.
Na crise dos Estados Unidos em 2007, os proprietários não pagaram os financiamentos por causa de verba, no entanto na China o quadro é diferente, os donos das imóveis não estão quitando os financiamentos como forma de greve.
De acordo com estimativas da plataforma Github, esses proprietários compraram casas em cerca de 320 projetos em todo país. Por meio da plataforma os compradores têm postado detalhes sobre a decisão de cessar os pagamentos, mas ainda assim, não está claro quantas pessoas aderiram ao boicote.
O setor imobiliário da China representa um terço da produção econômica, logo a revolta contra o setor imobiliário está causando dor de cabeça às autoridades chinesas, devido ao seu grande potencial em desacelerar a economia global.
As expectativas para economia nacional são pessimistas para 2022, tendo em vista que a economia nacional cresceu apenas 0,4% em relação ao ano passado.
Um dos principais motivos para a possível crise, se deve em grande parte à estratégia “Covid Zero”, durante a pandemia o governo impôs rígidas e contínuas restrições à circulação da população que afetaram o funcionamento da indústria e do comércio no país.
De acordo com a China Real Estate Information Corp (CRIC), as vendas nas 100 maiores incorporadoras da China caíram 39,7% em julho em comparação com o mesmo período de 2021.
Trinta empresas do ramo no país já declararam um aumento substancial em suas dívidas externas. A Evergrande, uma das gigantes do mercado imobiliário, deu calote de US$300 bilhões (R$1,5 trilhão) no ano passado. Segundo especialistas, tudo indica que outras empresas poderão seguir o exemplo da Evergrande caso as vendas não aumentem.
No entanto, as expectativas são extremamente baixas em relação ao crescimento da demanda por casas, levando em consideração que grande parte da população chinesa não tem interesse em investir em imóveis, por causa da fraca economia do país.
De acordo com o Jornal Britânico Financial Times, a China liberou U$148 bilhões em empréstimos para ajudar os promotores imobiliários, no entanto, os analistas ainda estimam que o valor não é o suficiente, pois as construtoras precisam do triplo da verba para finalizar os projetos interrompidos.
“O governo está fazendo o possível para encontrar novas fontes de crescimento, mas isso será um desafio porque a economia depende muito de propriedades, investimentos em infraestrutura e exportações nas últimas três décadas”, disse à BBC Julian Evans, especialista da empresa britânica de pesquisa econômica Capital Economics.
Fonte: Veja