A divulgação dos resultados do terceiro trimestre mostra uma boa notícia para as construtoras de baixa renda: um cenário mais favorável, mostrando que o pior já passou.
De acordo com os analistas, tudo indica maior poder de compra dos mutuários e diminuição dos custos de construção, favorecendo as margens mais altas para as novas vendas pelo Casa verde Amarela (CVA), que voltará a se chamar Minha Casa Minha Vida (MCMV) no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Com isso, as ações desse segmento voltam a ser uma boa opção de compra.
Já para as construtoras voltadas para o público de média e alto renda a situação não é tão positiva. Os próximos meses devem ser um pico de entregas. Isso, mesmo ainda havendo um bom estoque acumulado difícil de vender, porque essa parcela ainda não está contando com um bom poder de compra.
A expectativa é que acabe havendo atraso nas obras e ofertas de descontos para desovar o estoque. O problema é que isso acaba pressionando ainda mais as margens do segmento, que já estão no limite.
Boa hora para as ações das construtoras de baixa renda
Com isso, os especialistas consideram uma boa hora para a compra de ações de construtoras de baixa renda, que estão negociando a 2,9x seu valor contábil (em linha com níveis históricos) e ROE de 26%.
De acordo com o Bank of America (BofA), com o novo cenário o valor de mercado das construtoras será mais difícil de ser analisado e as barganhas não serão óbvias.
Hoje, por exemplo, as construtoras de média e alta renda negociam a 1x o seu valor contábil (um pouco abaixo da média histórica) e registram ROE de 11%. Porém o BofA considera que alguns nomes estão com preços 35% abaixo do valor justo, como Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3). Mas mesmo assim, para os analistas o “rali das ações” parece ter terminado e a expectativa é de que o setor se atenha aos seus fundamentos nos próximos meses.
Veja a recomendação do BofA:
Compra | Baixo desempenho |
Cyrela (CYRE3) | Tenda (TEND3) |
Direcional (DIRR3) | Even (EVEN3) |
MRV (MRVE3) | Eztec (EZTC3) |
Cury (CURY3) |
Conheça os resultados de cada construtora:
Cyrela (CYRE3)
O Goldman Sachs recomenda as ações da Cyrela, destacando um terceiro trimestre forte em vendas e margem bruta, que chegou a 34%, e reverte a tendência de baixa do ano passado. A receita líquida da construtora, que tem São Paulo como foco de atuação, também ficou acima da expectativa. E, com a geração de caixa, a dívida líquida caiu para 3,5.
MRV (MRVE3)
O BofA continua recomendando a compra da ação, embora o balanço da construtora tenha sinais mistos. Os pontos positivos são as mudanças no programa habitacional e a tendência de redução no custo da construção, mantendo as margens de venda.
No terceiro trimestre a margem bruta da construtora de baixa renda se manteve estável e o resultado operacional foi sólido. Porém houve fracos resultados financeiros adicionados a maiores despesas, que levaram a um prejuízo líquido ajustado de R$ 66 milhões.
Direcional (DIRR3)
A Genial recomenda a compra da ação com preço alvo de R$ 23. Pela análise, a construtora de baixa renda teve resultados alinhados com a expectativa. As vendas no terceiro trimestre geraram receita de R$ 574 milhões, principalmente em empreendimentos lançados há menos tempo.
Já a margem bruta caiu no comparativo trimestral, mas deve recuperar nos próximos meses influenciada pelas mudanças no CVA. A corretora segue recomendando.
Cury (CURY3)
Para a corretora Genial, a construtora anda na contramão do mercado ao continuar apresentando resultados trimestrais surpreendentes. A margem bruta cresceu 1,6 pp no comparativo trimestral e a receita líquida atingiu R$ 627 milhões (alta de 4% de aumento na comparação trimestral).
Já as vendas líquidas saltaram 33,9% nos nove primeiros meses de 2022 contra 2021. Mesmo assim, a Velocidade sobre Vendas trimestral continua acima dos 40%, apesar do aumento de 16% dos preços dos imóveis na comparação anual.
O lucro líquido apresentou um crescimento de quase 10% na comparação trimestral, levando a um ROE dos últimos 12 meses de 51%. Assim, a expectativa da corretora é de que o indicador ultrapasse 60% em 2023.
Eztec (EZTC3)
Para a Goldman Sachs o balanço da construtora de baixa renda Eztec registrou resultados mistos. A receita líquida veio alinhada com a expectativa, a margem bruta aumentou para 39,3%, revertendo a tendência de queda do último ano.
Porém a queima de caixa praticamente passou de R$ 101 milhões para R$ 175 milhões, deixando a companhia com caixa líquido de R$ 412 milhões. O banco continua neutro na recomendação para a ação, com preço alvo para 12 meses de R$ 21,5.
Tenda (TEND3)
Os resultados do trimestre foram considerados frustrantes pela Genial. No final de 2021, a construtora fez uma revisão orçamentária que culminou na ruptura dos covenants de suas dívidas e renegociação dos valores.
Com isso, o custo das suas debêntures aumentou e os lançamentos da companhia ficaram limitados ao máximo de 15 mil unidades por ano. Desde então, tem apresentado lucro recorrentemente negativo e forte queima de caixa.
No terceiro trimestre, os efeitos de estouro de orçamento levaram a uma reversão de receita de R$ 76 milhões. E em conjunto com outros efeitos não recorrentes e aumento da provisão para devedores duvidosos, a construtora teve prejuízo de R$ 190 milhões e margem bruta de 8,1%. A queima de caixa totalizou R$ 125 milhões.
Para os analistas o prejuízo da empresa deve sofrer redução progressiva ao longo de 2023, com lucro marginal no último trimestre deste ano. E a queima de caixa deve desacelerar, porém com geração de caixa apenas no primeiro trimestre de 2024.
A projeção é que a construtora precise de um caixa adicional de pelo menos R$ 400 milhões até o terceiro trimestre do ano que vem para evitar estourar seus covenants novamente. A corretora continua neutra na recomendação da ação, que tem preço-alvo de R$ 6.
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Informações retiradas do Exame Invest.