O setor da construção civil no Brasil, historicamente sensível às taxas de juros dos financiamentos imobiliários, tem surpreendido o mercado ao manter um ritmo acelerado de lançamentos e vendas, apesar do ciclo recente de aperto monetário. A demanda aquecida tem resultado em uma queda constante nos níveis de estoque de unidades disponíveis. Mas o que está impulsionando essa tendência? E mais importante: ela se sustentará ao longo de 2025?
Programas habitacionais e previsibilidade impulsionam o setor
Um dos principais motores desse crescimento é a expansão dos programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida (MCMV), que, aliado a incentivos estaduais e municipais, tem permitido que mais brasileiros adquiram um imóvel sem sofrer impacto direto das taxas de juros do mercado financeiro. Para 2025, o Conselho Curador do FGTS já aprovou R$ 123,5 bilhões para o MCMV, garantindo previsibilidade para as construtoras e ampliando o acesso ao financiamento imobiliário.
O cenário favorável também é reforçado pelo baixo índice de desemprego, que amplia a massa salarial e impulsiona a arrecadação do FGTS. Esses fatores têm permitido maior estabilidade financeira para as famílias, facilitando a tomada de decisão na compra de um imóvel.
Segmento de médio e alto padrão enfrenta desafios
Apesar do cenário positivo, o mercado de imóveis de médio e alto padrão enfrenta desafios mais complexos devido à sensibilidade às taxas de juros elevadas. Embora esse segmento tenha registrado impacto nas vendas nos últimos meses, ainda apresenta desempenho sólido na comparação anual, resultando na redução dos estoques.
Inflação e custo da construção sobem
Outro ponto de atenção para 2025 é o aumento dos custos no setor. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) subiu 0,51% em fevereiro, acumulando alta de 7,18% nos últimos 12 meses. O destaque vai para o custo da mão de obra, que registrou aumento de 9,47% no período, alcançando o maior patamar desde maio de 2023. Esse avanço pode pressionar as margens de rentabilidade das incorporadoras.
Destaques do mercado
- Confiança da Construção: Indicador apresenta leve evolução em fevereiro, com aumento no nível de utilização da capacidade instalada.
- Atividade do setor: Expectativas seguem estáveis em 53,8 pontos pela terceira leitura consecutiva, mantendo-se acima do nível neutro.
- Poupança e FGTS: Poupança registra o quinto mês consecutivo de resgates líquidos, acumulando R$ 24,4 bilhões em saques. Em contrapartida, a captação do FGTS avança.
- Mercado financeiro: O Índice Imobiliário (IMOB) caiu 3,57% em fevereiro, superando a queda de 2,64% do Ibovespa no mesmo período. O mercado aguarda os resultados corporativos do 4º trimestre de 2024, que serão divulgados até o fim de março.
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Informações retiradas de Felipe Mesquita, CNPI e CFP ao InvestTalk