Com a recente elevação da taxa Selic pelo Banco Central, os bancos começaram a subir as taxas de juros do crédito imobiliário e a apertar as condições de financiamento. Essa tendência já era esperada e agora começa a se concretizar.
O Itaú Unibanco foi um dos primeiros a reajustar suas taxas. No início deste mês, o banco elevou a taxa média de 10,49% ao ano para 10,79% ao ano. Outras instituições como Bradesco, Santander e BRB também estão reavaliando suas condições, levando em conta o cenário econômico atual.
O principal motivo para a alta nas taxas é o esgotamento dos recursos da caderneta de poupança, que tradicionalmente financia o crédito imobiliário a um custo mais baixo. Agora, com a busca por fontes alternativas de financiamento, cujo custo é influenciado pela Selic, os bancos estão repassando o aumento desse custo para os clientes.
A Caixa Econômica Federal, responsável por cerca de 70% dos financiamentos imobiliários no Brasil, manteve as taxas de juros inalteradas, mas aumentou o valor exigido de entrada. A partir de novembro, nas linhas com tabela SAC, em que as parcelas diminuem ao longo do tempo, a entrada mínima subirá de 20% para 30% do valor do imóvel. Já no sistema Price, com parcelas fixas, a entrada exigida aumentará de 30% para 50% do valor total.
Confira abaixo as taxas de juros praticadas atualmente pelos principais bancos:
Caixa Econômica Federal:
TR + 8,99% a 9,99% ao ano
Poupança + 3,10% a 3,99% ao ano
IPCA + 5,30%
Taxa fixa: 11% a 11,5% ao ano
Itaú Unibanco:
A partir de TR + 10,79% ao ano
Bradesco:
A partir de TR + 10,49% ao ano
Santander:
TR + 10,99% a 12,99% ao ano
Banco do Brasil:
A partir de TR + 10,29% ao ano
BRB:
A partir de TR + 8,99% ao ano
A partir de Poupança + 4,09% ao ano
A partir de IPCA + 6,50% ao ano
A Caixa afirmou, em nota, que pretende manter as taxas atuais até o final de 2024, já que possui recursos suficientes para atender à demanda de crédito até o fim do ano. No entanto, a situação poderá ser revista em 2025, dependendo das condições do mercado.
Outros bancos, como Santander e BRB, admitiram que, embora não estejam diminuindo a oferta de crédito no momento, a tendência é de alta nas taxas em função do cenário macroeconômico. O Itaú Unibanco, por sua vez, reafirmou o compromisso de manter taxas competitivas, mas já implementou os primeiros ajustes, sendo o primeiro a aumentar os juros.
Apesar do cenário de alta nos juros, o mercado de crédito imobiliário tem se mantido aquecido até o momento. Nos primeiros oito meses de 2024, o financiamento imobiliário somou R$ 118,5 bilhões, um crescimento de 17,6% em comparação com o mesmo período de 2023, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Esses números refletem principalmente as operações de financiamento para imóveis de médio e alto padrão por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que não inclui programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida.
No entanto, com o aumento das taxas e a exigência de maiores valores de entrada, a tendência é de que a demanda por crédito imobiliário comece a arrefecer nos próximos meses. Isso pode impactar o ritmo de crescimento do mercado, principalmente para quem depende de financiamentos para adquirir imóveis.
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Informações retiradas de Circe Bonatelli ao Estadão