A elevação da taxa Selic e a crescente taxa de saques da poupança levaram os bancos privados a aumentarem as taxas de juros para financiamentos imobiliários. Isso preocupa as incorporadoras imobiliárias, que esperam mais dificuldade para vender imóveis, já que os compradores estão mais preocupados com o custo do crédito.
A taxa média de juros do crédito imobiliário chegou à faixa dos dois dígitos no segundo semestre do ano passado – algo que não se via desde 2016 – e segue ganhando corpo neste ano. Dados do Banco Central mostram que essa taxa bateu em janeiro, em média, a marca de 10,74% ao ano. O patamar é consideravelmente maior do que o registrado nos mesmos meses de 2021 e 2022, quando estavam em 6,98% e 9,41%, respectivamente.
O setor de construção está em alerta devido ao crédito imobiliário caro, que afugenta potenciais compradores de imóveis, levando a uma desaceleração no setor. A expectativa é de que as vendas de imóveis, principalmente de médio e alto padrões, sejam mais demoradas neste ano, afirmou o presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Celso Petrucci. “Teremos um cenário de financiamento mais difícil em 2023.”
Dados da CBIC mostram uma queda de 23,1% nos lançamentos de imóveis no quarto trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, e uma queda de 8,6% no acumulado do ano.
As vendas de imóveis baixaram 9,6% no quarto trimestre de 2022 perante o mesmo período de 2021, para 74.119 unidades. No acumulado do ano, as vendas de imóveis no País diminuíram 3,2%, para 314.305 unidades.
Efeito Selic
Em fevereiro, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander aumentaram as taxas de crédito imobiliário em cerca de 0,5 ponto porcentual, enquanto Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil mantiveram seus valores inalterados desde o segundo semestre de 2021.
“Todos os bancos tiveram de acabar alterando taxas ou vão alterar. Fizemos um movimento bem recente para todos os segmentos”, disse o diretor de crédito imobiliário do Itaú Unibanco, Thales Ferreira Silva.
Os bancos estão aumentando as taxas de juros dos financiamentos imobiliários devido à trajetória da taxa Selic e ao encarecimento das fontes de recursos, como a poupança, que vem sofrendo saques. Para continuar concedendo empréstimos, os bancos estão buscando dinheiro em outras fontes, como letras de crédito e certificados de recebíveis, que são mais caras. O setor imobiliário teve demanda aquecida nos últimos dois anos, com recordes de financiamentos em 2021(R$205 bilhões) e a segunda melhor marca em 2022 (R$179 bilhões).
Especialistas recomendam até o adiamento da compra por algum tempo se o consumidor puder esperar. “Como o financiamento imobiliário é de alto valor, qualquer queda de meio ponto porcentual na taxa de juros tem um impacto muito grande no valor da prestação e no total desembolsado”, diz Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
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Informações retiradas do UOL