Nos últimos tempos, foi notado um substancial aumento nas retiradas de recursos da caderneta de poupança por parte dos investidores, em grande parte motivados pela busca por alternativas mais vantajosas. A poupança, tradicionalmente reconhecida por sua segurança e acessibilidade, está perdendo atratividade frente a outras opções de investimento de renda fixa, em especial devido aos baixos rendimentos que oferece.
Essa tendência de saques se reflete em números concretos. Dados do Banco Central revelam que, em 2023, houve uma retirada líquida de R$ 87,82 bilhões da poupança. Somente nos meses de junho e dezembro houve superávit de depósitos em relação aos saques. O início de 2024 também apresentou um cenário desfavorável, com um saldo negativo de mais de R$20 bilhões, com R$332,3 bilhões depositados e R$352,4 bilhões sacados.
Apesar desses movimentos, é improvável que a poupança seja extinta. Ela continua sendo uma opção de investimento segura, líquida e isenta de imposto de renda, características que a tornam atraente para muitos investidores.
A caderneta de poupança desempenha um papel importante como fonte de financiamento para o mercado imobiliário, através do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No entanto, o aumento das retiradas tem levado os bancos a utilizar mais do que os 65% dos depósitos da poupança exigidos por lei para esse fim, recorrendo cada vez mais a outras fontes de financiamento.
Uma consequência direta desse cenário é o encarecimento do crédito imobiliário. Embora as taxas de juros se mantenham abaixo da Selic, a dependência crescente de outras fontes de financiamento, que geralmente são mais custosas, limita a possibilidade de redução das taxas de juros nos financiamentos imobiliários.
Para enfrentar esse desafio, os investidores têm buscado alternativas à poupança, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Letras Imobiliárias Garantidas (LIG) e Fundos Imobiliários (FIIs).
A Caixa Econômica Federal, principal instituição financeira atuante no crédito imobiliário, reconhece a necessidade de debater novas estratégias de financiamento. O presidente do banco, Carlos Vieira, mencionou recentemente em uma coletiva de imprensa a importância de discutir o financiamento imobiliário com recursos da poupança, destacando que questões orçamentárias podem surgir a partir de 2025.
Além disso, a Caixa está considerando medidas para melhorar seu funding, incluindo uma possível operação de securitização de sua carteira de crédito imobiliário. Essas iniciativas visam tornar mais atrativa a oferta de recursos para financiamento, especialmente à medida que as taxas de juros tendem a se estabilizar em torno de 9%.
Em suma, o aumento das retiradas da poupança tem implicações significativas no mercado imobiliário, exigindo dos bancos e demais instituições financeiras a busca por alternativas que garantam o fluxo de crédito sem comprometer negócios e empregos.
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