De acordo com uma pesquisa realizada pela BinaryX, os ativos tokenizados têm o potencial de representar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial até 2030, totalizando cerca de US$16,1 trilhões. Isso seria um aumento significativo em relação aos US$310 bilhões registrados em 2022, representando um crescimento de 4.900%. A pesquisa destaca que commodities, arte e imóveis são os principais ativos do mundo real que estão sendo considerados para tokenização.
A tokenização ocorre por meio de dois processos distintos. No primeiro caso, um ativo real é convertido em uma versão digital registrada em uma blockchain, permitindo que seja dividido em tokens de valores menores. Um exemplo seria a tokenização de um imóvel. Já o segundo caso envolve a inclusão direta de um ativo emitido no mundo real em uma blockchain, como a emissão de títulos diretamente em um blockchain, como debêntures.
De acordo com a BinaryX, a inclusão de ativos do mundo real no blockchain, conhecidos como RWA (Real-World Assets), será uma das áreas de maior crescimento no ecossistema de criptomoedas em 2023. A BinaryX classifica os RWA em tangíveis e intangíveis, com o primeiro grupo incluindo veículos, commodities e imóveis, e o segundo grupo contendo debêntures, créditos de carbono e ações.
A empresa cita um relatório da CoinShares, publicado em janeiro, que destaca o potencial desse movimento. O relatório menciona os testes realizados por bancos tradicionais, como JPMorgan, Deutsche Bank e SBI, que negociaram moedas tokenizadas e títulos soberanos em novembro de 2022. Esses bancos utilizaram a solução de escalabilidade em segunda camada da Ethereum, chamada Polygon, para conduzir o experimento. Além disso, a MakerDAO também está explorando a tokenização de ativos do mundo real, propondo a colateralização da DAI com esses ativos.
Além disso, a BinaryX indica que os empréstimos tomados em aplicações descentralizadas usando ativos reais como garantia cresceram nos últimos meses. Recentemente, a marca de US$140 milhões em empréstimos foi atingida. “Esse aumento ressalta a demanda por tokens de RWA como forma de financiar ativos do mundo real”, diz o relatório.
Vantagens
O relatório aponta outros cinco indicadores de um possível aumento no interesse em RWA: aumento no volume negociado, melhora do sentimento dos detentores desses ativos em diferentes países, reconhecimento por reguladores e autoridades monetárias, tokenização de cada vez mais classes de ativos e crescente número de desenvolvedores dedicados ao setor.
A BinaryX avalia que o crescente interesse é motivado também por cinco grandes vantagens que a tokenização de ativos reais trazem para investidores e instituições. A primeira é o aumento na liquidez, ligado à possibilidade de fracionamento de ativos, o que facilita a compra e venda dos mesmos.
A redução nos custos transacionais é a segunda vantagem apontada no relatório, possível através da eliminação de intermediários e desburocratização de processos. A redução nos custos de aquisição e o barateamento de transações são responsáveis pela terceira vantagem apresentada, que é a redução das barreiras nos investimentos.
A transparência, viabilizada pelo uso de blockchains, é a quarta grande vantagem. A quinta é a criação de um sistema mais eficiente de angariação de capital. A BinaryX menciona como exemplo um desenvolvedor independente que, ao criar tokens que servem como tickets de investimento, pode receber financiamento de diferentes entidades.
Desafios para a tokenização
Apesar das perspectivas promissoras para o setor de RWA (Real-World Assets), um relatório da BinaryX destaca os desafios que esse setor enfrenta. Um dos principais desafios é a barreira regulatória, uma vez que muitos países ainda não estabeleceram um conjunto claro de regras para as empresas de tokenização sediadas em seus territórios. A falta de regulamentação é evidente em países como China e Índia, que são importantes mercados.
Outro desafio relacionado às questões regulatórias é a obrigatoriedade de identificação de usuários por meio do processo de “Conheça seu Cliente” (KYC, na sigla em inglês). Essa exigência impede que as plataformas ofereçam serviços de tokenização semelhantes às aplicações descentralizadas, que não requerem que os usuários se identifiquem.
Superar esses desafios regulatórios será essencial para impulsionar ainda mais o crescimento e a adoção dos RWA. A clareza regulatória e a busca por soluções que equilibrem a conformidade com a privacidade dos usuários serão aspectos fundamentais a serem abordados pelo setor nos próximos anos.
O terceiro desafio listado pelo relatório está ligado à falta de infraestrutura nos processos de identificação. “A necessidade de controles de permissão granulada depende de soluções robustas para determinar identidades e perfis de risco”, diz o documento. As soluções apontadas são identificadores descentralizados e outras soluções de preservação de identidade, que ainda não são suficientes para sustentar processos de maior complexidade.
A interoperabilidade, ou ausência dela, é o quarto desafio. Diversos ecossistemas têm florescido dentro do mercado de criptomoedas, muitos deles localizados em diferentes blockchains. Conectar essas redes, dando fluidez à negociação de diferentes ativos, é uma dor atual do segmento de RWA. Além disso, a segurança também é apontada como um obstáculo a ser vencido. “A tecnologia blockchain pode ser segura, mas hackers tentam violar os contratos inteligentes. Geralmente, existem brechas nesses contratos, que se tornam um terreno fértil para hackers”, conclui o relatório.
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Informações retiradas do Exame