No segundo trimestre deste ano, o mercado de escritórios apresentou um desempenho favorável, impulsionado principalmente pela demanda por espaços corporativos de alta qualidade. A retomada das atividades presenciais e a diminuição do trabalho remoto têm sido apontadas como fatores-chave por consultorias do setor para explicar o aumento nas locações, com destaque para São Paulo, o epicentro desse mercado.
Conforme dados da consultoria Newmark, a absorção líquida de espaço de escritórios na cidade atingiu 43,7 mil metros quadrados. Especificamente nas áreas que abrigam escritórios de padrão A e AA, a JLL relata um saldo positivo de 14 mil metros quadrados no último trimestre.
O mercado de locações de escritórios está mostrando sinais de recuperação e adaptação às novas realidades de trabalho. Segundo Yara Matsuyama, diretora de locações de escritórios da JLL, há um aumento nas metragens das locações, especialmente negócios fechados com espaços acima de 1.000 m², indicando uma retomada do mercado de alto padrão.
No período entre o início de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, aproximadamente 85% das locações fechadas pela JLL foram de espaços menores, abaixo de 1.000 m². No entanto, esse cenário mudou no segundo trimestre, com o índice de locações menores caindo para 70%.
Nessim Daniel Sarfati, fundador da Barzel Properties, observa que grandes empresas ainda estão adotando modelos de trabalho flexíveis. Isso tem influenciado nas locações recentes, que consistem em espaços de até 2.000 m², atendendo a companhias de médio porte. Além disso, há um movimento de sondagem por parte de empresas que anteriormente ocupavam espaços maiores.
O recém-inaugurado complexo multiúso Passeio Paulista, localizado na rua da Consolação, tem chamado a atenção de interessados em aluguel de espaços com mais de 5.000 m². Bernard Kawakama, diretor de empreendimentos corporativos da Fibra Experts, responsável pelo local, tem recebido visitas de diversas empresas com motivações variadas, incluindo novos empreendimentos, expansão e busca por locais melhores.
O grupo imobiliário CBRE relata um aumento no trimestre de grandes ocupações na região da avenida Paulista, especialmente em espaços com mais de 1.000 m². Com o retorno gradual das atividades presenciais a partir de 2022, Yara, da JLL, observa um crescimento no interesse por espaços já mobiliados. A Barzel também entrou no mercado, oferecendo lajes personalizadas e prontas para ocupação como um novo produto após tê-las criado como investimento em 2022.
No primeiro trimestre de 2023, foi observado um notável aumento na taxa de retorno aos escritórios em São Paulo, com foco nas regiões da Avenida Paulista, Jardins e Marginal Pinheiros, de acordo com um relatório da CBRE. A empresa Barzel se destaca ao oferecer soluções de locação que incluem responsabilidade por obras, adaptações e mobiliário, permitindo que os ocupantes possam se concentrar em suas atividades sem se preocupar com detalhes operacionais.
O levantamento realizado em 500 edifícios revelou que 80% dos escritórios apresentam uma taxa de retorno acima de 70%, sendo que 45% deles ultrapassam 90%. Comparativamente, no último trimestre de 2022, apenas 59% registravam uma taxa de retorno superior a 70%. Nessim, representante da Barzel, mencionou que cerca de 18 mil indivíduos transitam diariamente pelos edifícios sob a gestão da empresa, refletindo uma diminuição em relação à média diária de 20 mil pessoas observada em março de 2020.
O mercado de escritórios em São Paulo apresentou mudanças significativas no segundo trimestre deste ano. De acordo com dados da Buildings, a absorção líquida total de espaço, considerando diversos padrões de escritórios, aumentou consideravelmente, passando de 15 mil m² nos primeiros três meses para 100 mil m².
Nesse período, houve também uma elevação nos preços do metro quadrado, interrompendo um período de estabilidade que durou oito trimestres. A consultoria Newmark apontou que essa elevação se deveu à vacância em edifícios de maior valorização. O preço médio por metro quadrado subiu para R$91,77, vindo de uma faixa de R$87 a R$89 mensais. Essas mudanças refletem transformações dinâmicas no mercado imobiliário de escritórios na cidade.
Ocupação da Faria Lima é alta e se espalha por outras regiões
A taxa de vacância no mercado imobiliário de locações registra números entre 24,7% e 25,6% a nível geral, enquanto a cobiçada região da Faria Lima mantém essa taxa notavelmente baixa, oscilando entre 6,5% e 7%. A busca por espaço na Faria Lima tem consequências nos bairros adjacentes, gerando uma disputa por locais comerciais.
Dados recentes da Newmark revelam os valores médios por metro quadrado nas áreas de destaque: R$227/m² no Itaim, R$ 203/m² na Faria Lima e R$166/m² na Vila Olímpia, no segundo trimestre de 2023.
Na Vila Leopoldina, antigas instalações industriais ganham nova vida como galpões mistos para uso comercial. Exemplificando essa tendência, o Nubank locou um espaço para eventos e treinamentos, enquanto a equipe de esportes eletrônicos paiN Gaming também escolheu a região.
Uma arena inaugurada em 2022, resultado de um investimento de R$ 10 milhões e três anos de trabalho, tem se destacado. A arena, que oferece capacidade para 150 espectadores, se tornou um ponto de encontro nos fins de semana, hospedando festas e campeonatos. Sharis Endres, diretora de marketing, destaca a importância de uma sede física para a identidade da organização.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas de Natalie Vanz Bettoni & Fernanda Brigatti à Folha S. Paulo