O Índice de Confiança da Construção caiu 1,7% em janeiro se estabelecendo em 93,6%, o menor nível desde março do ano passado, segundo a Sondagem do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. As prévias operacionais das incorporadoras apontam para uma retração. Das 18 empresas que divulgaram dados, 13 apresentaram menos lançamentos e metade delas tiveram vendas líquidas mais fracas no 4º trimestre de 2022.
No mercado imobiliário, a expectativa é de uma possível queda nas vendas, principalmente no segmento de média renda, devido a dificuldades do consumidor em obter financiamento imobiliário com juros em alta e perspectiva de Selic elevado por mais tempo do que o previsto em 2022. Além disso, as empresas inovadoras, conhecidas como proptechs e construtechs, enfrentaram um ano incerto em 2022, resultando em frequentes demissões em suas equipes.
O que está acontecendo com as proptechs e incorporadoras?
Para Bruno Loreto, sócio-fundador da Terracotta Ventures, empresa de investimento especializada nessa área, 2022 foi um momento de ajuste, que é típico de um mercado cíclico como o das startups e também do setor imobiliário.
Devido aos recursos de investimento limitados, causados principalmente pela pandemia e à guerra na Rússia, as empresas precisaram provar sua capacidade de lucro e deixar de lado apenas a preocupação com o crescimento e a validação da sua tese de negócio.
“É um ajuste necessário, porque vimos exageros sendo cometidos, em muitos casos tinha-se ineficiência na condução dos negócios, e a restrição faz ser eficiente”, afirma Loreto. É uma “seleção natural”, segundo ele. “Tem linha tênue entre inovar e insistir em algo que não faz sentido”.
Chamaram a atenção nos últimos meses as demissões em grandes companhias de base tecnológica que atuam no mercado imobiliário, como QuintoAndar e Loft, e também consolidações e mudanças de rumo, como a decisão da Casai e da Nomah, que haviam se unido em agosto do ano passado, de deixar o país e atuar apenas no México.
O empresário afirma, inclusive, que uma nova janela para abertura de capital dessas companhias pode ocorrer no ano que vem e em 2025.
A retomada dos investimentos no setor depende tanto do cenário econômico global quanto da estabilidade dos ativos. De acordo com Loreto, atualmente os ativos imobiliários estão mais estabilizados e os investidores retomaram a compor suas carteiras. “O momento é favorável para o investidor que quer alocar nesse tipo de ativo, é chance de entrar barato para vender caro lá na frente”, afirma.
Segundo Loreto, há oportunidades para proptechs de pequeno e médio porte na intermediação de compra e locação de imóveis, especialmente com atuação regional ou segmentada. Também há necessidade de proptechs financeiras para ampliar a acessibilidade ao financiamento imobiliário, devido aos altos juros e para inovações na área da construção, que ainda utiliza pouca tecnologia.
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Informações retiradas da Valor Econômico