Em um contexto de deflação e queda nos índices de reajuste, particularmente o IGP-M, o mercado de aluguéis residenciais em São Paulo está desafiando as tendências ao continuar a subir. No ano anterior, o IGP-M registrou uma variação anual acumulada extraordinariamente alta, gerando preocupações entre os inquilinos e resultando em reajustes difíceis de serem praticados.
Essa situação levou a intensas negociações entre proprietários e inquilinos, frequentemente culminando em acordos favoráveis para ambas as partes. Nos últimos meses, porém, os valores das novas locações de casas e apartamentos continuaram a aumentar, revelando não apenas fatores tradicionais de demanda e oferta, mas também uma mudança conceitual na preferência pela opção de “morar de aluguel”.
Até recentemente, morar de aluguel era considerado uma opção de segunda classe, reservada para aqueles que não podiam comprar uma casa própria. No entanto, um fenômeno atual está transformando essa visão. Pessoas com capacidade financeira para adquirir propriedades estão optando por alugar, mesmo a um custo elevado, devido a uma série de motivos.
Essa mudança é impulsionada por fatores como a flexibilidade de liquidez, a possibilidade de investir o capital de forma mais eficiente e a liberdade de mudança. A recomposição dos preços pós-pandemia, a oferta de imóveis mobiliados e com serviços, além da facilidade de locação através de plataformas online, têm contribuído para o aumento do aluguel.
Além disso, a busca por localizações estratégicas próximas a transportes públicos e vias movimentadas está se intensificando, especialmente devido ao retorno aos trabalhos presenciais.
A prática da locação por hospedagem está gerando debates acirrados no mercado imobiliário, impulsionando os valores de aluguel e suscitando conflitos entre proprietários investidores e moradores. A lucratividade para investidores contrasta com a perda da natureza residencial dos prédios, provocando discussões sobre a validade das assembleias condominiais que buscam proibir essa modalidade de locação. A questão de quórum qualificado para tais proibições também é alvo de questionamento e já chegou aos tribunais superiores em Brasília.
Enquanto o setor imobiliário e a indústria da construção civil experimentam um período positivo e de expansão, com inúmeros empreendimentos previstos para os próximos anos, surge a incerteza quanto à demanda para essa ampla oferta. A crescente vocação para locação e serviços nos novos projetos levanta dúvidas sobre a viabilidade desse modelo, especialmente em relação aos jovens, que parecem menos inclinados a buscar a aquisição de imóveis próprios, optando por alternativas como aluguel e outras formas de mobilidade urbana.
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Informações retiradas de Marcio Rachkorsky e RS Serviços; Estadão Blue Studio à Estadão