O preço do aluguel de imóveis residenciais em Juiz de Fora teve um aumento de 12,78% no último ano, de acordo com um levantamento realizado pelo ZAP+. Os valores consideraram a variação dos preços dos anúncios de casas e apartamentos entre maio de 2022 e maio de 2023.
Em relação à venda de imóveis, houve um aumento de 1,44% nos valores. Especialistas do ramo imobiliário atribuem esse encarecimento a fatores como a alta procura por imóveis após a demanda reprimida causada pela pandemia da Covid-19.
O cálculo foi baseado no preço médio por metro quadrado. Em maio de 2022, o valor do aluguel era de R$ 14,08 por metro quadrado, e em maio de 2023, passou para R$ 15,88. Já o preço médio para venda foi de R$ 4.213,31 por metro quadrado no ano passado e aumentou para R$ 4.274,09 por metro quadrado em 2023.
Embora o aumento em Juiz de Fora seja expressivo, é um pouco menor do que a média nacional. O índice FipeZap+, que utiliza dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), aponta que o preço de locação residencial teve uma alta acumulada de 16,52% no país ao longo do ano.
Nos primeiros cinco meses de 2023, a variação foi de 7,76%. Quanto aos valores de venda, houve um aumento de 5,67% no ano e de 2,02% entre janeiro e maio.
O presidente da Associação Juiz-forana de Administradoras de Imóveis (Ajadi) e CEO da Souza Gomes, Diogo Souza Gomes, afirmou que os valores dos imóveis vêm sofrendo reajustes devido à pandemia, especialmente devido à variação nos preços dos materiais de construção, que aumentaram nos últimos anos.
Inicialmente, as construtoras não repassaram esse aumento para os consumidores, especialmente aquelas com obras em andamento. No entanto, atualmente, esses reajustes estão se tornando mais evidentes na cidade.
Além disso, houve uma redução no número de lançamentos imobiliários nos últimos meses, o que leva a uma diminuição do estoque das construtoras e a um possível aumento nos preços dos imóveis devido à maior demanda e menor oferta. No entanto, há expectativas de uma retomada no mercado de lançamentos no segundo semestre, especialmente se a taxa de juros diminuir e os consumidores se sentirem mais seguros para assumir dívidas de longo prazo.
Demanda retraída aumenta buscas por locação na cidade
O diretor regional da Re/Max, Toti Faria, atribui o aumento nos preços dos imóveis em Juiz de Fora à demanda reprimida durante a pandemia da Covid-19. Com o retorno à normalidade após as restrições sanitárias, a procura por imóveis, especialmente por estudantes universitários, tem impulsionado o mercado imobiliário na cidade. Regiões como Cidade Alta e Bairro São Mateus experimentaram uma valorização significativa, com aumento de mais de 15% nos valores de aluguel.
De acordo com o estudo Radar Imobiliário do ZAP+, São Mateus e São Pedro estão entre os bairros mais procurados para locação e venda, com destaque para São Mateus, que lidera o ranking, representando 9,64% da demanda por locação e 9,89% por venda. O Centro ocupa o segundo lugar, com 9,25% das buscas para locação e 6,19% para vendas, enquanto São Pedro é o terceiro mais procurado, com 8,41% de demanda por locação e 6,13% por venda.
Enquanto o movimento para aluguel de imóveis teve um crescimento expressivo, a realidade não foi a mesma para a compra e venda. De acordo com Toti Faria, isso acontece por conta da retração no setor de construção civil da cidade. “Nós creditamos isso, sobretudo, ao encarecimento dos insumos. A construção civil sofreu com a pandemia um acréscimo muito alto no preço do aço, da cerâmica, e isso não ocorreu com a renda das famílias. Então, naturalmente, as construtoras ficaram com algum estoque e elas precisam regularizar isso. Dessa forma, a demanda por imóveis de compra e venda não aconteceu na mesma frequência de locação.”
Juros altos
O aumento na demanda por locação movido pela vocação educacional de Juiz de Fora também é apontado pela sócia-proprietária da Oliveira Matta Imóveis, Eliane Oliveira. Além disso, a baixa nas vendas também se explica pelos altos valores dos juros, o que leva as pessoas a preferirem aplicar o dinheiro de outras formas do que investir em imóveis.
“O investidor que tem aí R$ 1 milhão, deixando no banco, tem um retorno mensal muito mais do que se ele comprar uma loja ou um apartamento para locação”, exemplifica. “Infelizmente, a política dos juros altos está impedindo que a comercialização de imóveis para venda, loteamentos e imóveis avulsos melhore um pouco.”
Valorização
De acordo com o diretor de vendas da imobiliária Ribeiro & Arrabal, Anderson Ribeiro, os preços de imóveis sempre tendem a aumentar, nunca o contrário. Isso porque eles estão diretamente relacionados a outros fatores, como a construção civil. “Historicamente, o imóvel nunca caiu de preço. Uma vez ou outra é que cai algum porque a pessoa está precisando com urgência, mas não em um gráfico natural”, diz. “O que acontece às vezes é uma economia ruim, e o imóvel fica estagnado e depois aumenta, porque os custos de materiais, custos de mão de obra sempre aumentam.”
Construção civil ainda se recupera de pandemia
O mercado de lançamentos imobiliários enfrentou desafios durante a pandemia da Covid-19, afetando tanto os preços dos insumos da construção civil quanto a disponibilidade de mão de obra devido às restrições sanitárias. As incorporadoras tiveram que atualizar constantemente os valores das obras em andamento. No entanto, com a volta da normalidade, a demanda por imóveis em construção está aumentando.
Além dos impactos da pandemia, outros fatores econômicos contribuem para o cenário atual do mercado imobiliário e da construção civil. O baixo crescimento do PIB nos últimos anos é citado como um desses fatores. O preço de venda dos imóveis na cidade não teve praticamente nenhuma alteração desde 2016, enquanto os custos, tanto de mão de obra quanto de materiais, aumentaram significativamente. Um exemplo disso é o preço do aço, que teve um aumento de 120% nos primeiros seis meses da pandemia.
De acordo com Rezato, apesar de o setor ainda estar lidando com a pós-pandemia, há ainda um sentimento otimista de melhora, mas que depende de determinadas mudanças. “Controle efetivo da inflação, mantendo abaixo de 4%, seguido de grande queda nos juros; e provavelmente criar condições políticas e econômicas para que a Selic caia dos atuais 13,75% para algo menor que 7%. Com estas condições, teremos a melhora esperada”, aponta.
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Informações retiradas de Jornal Floripa