Uma nova forma de morar está se formando cada vez mais rápido. A locação do imóvel com serviços e tecnologia é a grande tendência do mercado, principalmente entre os mais jovens.
Ao contrário das gerações anteriores, para os Millennials (entre 22 e 42 anos) comprar imóvel não é a preocupação, e sim aproveitar a liberdade que viver de aluguel proporciona. Mas aliada à mobilidade ao longo da vida, a oferta de serviços e as facilidades oferecidas pela tecnologia são o grande motivo dessa nova forma de morar.
E o mercado está atento, com gigantes do setor se movimentando para acompanhar bem de perto essa tendência. E os investidores ganham novas oportunidades bastante interessantes.
Para se ter uma ideia, o preço do aluguel aumentou 15% nos últimos 12 meses em relação à alta de 6% do preço dos imóveis à venda no mercado nacional. Esses números, no Índice FipeZap+, mostram que o percentual de avanço do aluguel supera a inflação e a Taxa Selic.
Nova forma de morar atrai gigantes do aluguel com tecnologia
Claro que nada disso está passando despercebido. Essa nova forma de morar já está atraindo gigantes do aluguel com tecnologia. A incorporadora MRV (que já atraiu investimentos da Brookfield) e a Greystar são algumas delas. Isso sem falar na inovadora Housi, a startup de casas por assinatura que está revolucionando o mercado.
Com isso, são, simplesmente, dois públicos fortíssimos. De um lado, a galera jovem que não faz questão de casa própria. Mas sim de flexibilidade e conforto com grande oferta de tecnologia e serviços de hotelaria. E, por outro, do aluguel como fonte de renda ainda mais sólida, principalmente com a expectativa de inflação baixa e economia estabilizada.
Para Danilo Igliori, economista-chefe e vice-presidente da Zap+, a chegada desses investidores reflete uma nova era na forma de morar com serviços e produtos customizados para a necessidade de vários mercados:
“Novos nichos serão desenvolvidos, especializados nos públicos mais diversos, como condomínios estudantis e também voltados para o público sênior”, diz.
Contratos também ganham flexibilidade
Essa nova forma de morar já está acarretando um novo tipo de administração, através dos gestores profissionais. E, com eles, os contratos também ficam mais flexíveis, com duração de dias, semanas, meses ou anos.
Com a saída do locatário a operadora deve achar um novo rapidamente. E com o gestor profissional, o locatário não tem surpresas com rescisões de contrato por motivos pessoais do proprietário.
Já sem gestão profissional é o contrário. Quando o administrador é o dono do imóvel, ele não deseja ter a dor de cabeça de buscar um novo locatário com frequência. Então os contratos são de 30 meses.
Outro ponto a favor é que essa nova forma de morar também gera aluguéis mais altos. Afinal, são soluções de moradia completas, próximas ao transporte público e centros comerciais, e com grande oferta de serviços tecnológicos.
Mais de 20% dos imóveis brasileiros são dedicados à locação
Hoje, 21% dos cerca de 73 milhões de imóveis residenciais existentes no Brasil já são dedicados à locação. Ainda está abaixo dos índices dos Estados Unidos (39%) e Europa (30%), mas é um mercado em franca expansão.
Segundo dados da consultoria imobiliária CBRE, já são mais de 70 edifícios dedicados exclusivamente à locação, sonhando 11 mil unidades. E esse estoque mais do que dobrou nos últimos três anos: em média, foram construídas mais de 2 mil unidades por ano.
E muitos ainda estão em fase de construção. Então a expectativa é que pelo menos mais 40 edifícios acrescente mais 5 mil unidades ao mercado nos próximos três anos.
E essa nova forma de morar é em grande parte responsável por todo esse aumento. Pesquisa da Zap+ com locatários mostra que serviços de mensageria, sala de delivery, cuidados para pet e loja de conveniência estão entre os serviços mais importantes para a decisão de aluguel, com índices entre 28% e 37%.
Além disso, tecnologia, conectividade e a sustentabilidade do empreendimento são diferenciais de seleção à frente da quantidade de dormitórios e banheiros. Só então vem a localização.
Fonte: Exame