A recente elevação nas taxas de juros do crédito imobiliário com recursos da poupança, realizada pela Caixa Econômica Federal desde o dia 2 de janeiro, tem gerado preocupações no setor da construção civil e no mercado imobiliário em geral. Com um aumento de até dois pontos percentuais, a medida tem afetado principalmente os financiamentos destinados à aquisição de imóveis, criando um cenário de incerteza para construtoras e incorporadoras.
De acordo com a CEO da Riooito Incorporações, Mariliza Fontes Pereira, as novas taxas afastam potenciais compradores, especialmente aqueles que dependem do financiamento. A alta nos juros tem sido vista como um fator desestimulante, pois aumenta o valor das prestações, tornando-as mais pesadas e, consequentemente, mais difíceis de serem pagas pelos consumidores. “Nesse cenário, ainda é mais barato ficar no aluguel. Isso afeta toda a cadeia da construção civil, que é um setor produtivo essencial para o país”, destacou Mariliza.
Ricardo Affonseca, CEO da Aros Inc., também levantou pontos críticos em relação à medida. Segundo ele, a elevação das taxas impacta de maneira desigual os diferentes segmentos do mercado imobiliário. “A demanda do mercado imobiliário é inversamente proporcional à taxa de juros. O setor de altíssimo padrão será o menos afetado, pois é inelástico, mas a classe média será bem impactada, o que resultará em uma diminuição significativa nos lançamentos”, afirmou. Affonseca ainda alertou para a possibilidade de famílias da classe média migrarem para o setor econômico, o que pressionaria ainda mais o programa Minha Casa, Minha Vida.
Bruno Fabbriani, CEO da B.Fabbriani, também expressou sua preocupação com a medida, ressaltando que a decisão prejudica a evolução do mercado imobiliário. Ele destacou que o movimento de queda nos recursos da poupança e do FGTS — principais fontes de funding para a produção e o financiamento imobiliário — já vinha afetando o setor nos últimos anos. Para Fabbriani, o mercado de capitais tem se mostrado uma alternativa cada vez mais utilizada por incorporadores e clientes, tanto para financiar a produção quanto para a aquisição de imóveis. “Os produtos financeiros ainda têm muito a evoluir, mas é um caminho sem volta para dar mais opções ao mercado imobiliário”, afirmou.
Com essa mudança, o mercado imobiliário brasileiro enfrenta um novo desafio. A alta da taxa de juros, além de impactar diretamente o financiamento de imóveis, poderá gerar um desaceleramento nas vendas, com reflexos especialmente no segmento de imóveis de médio padrão. A expectativa é de que o setor busque alternativas para se adaptar às novas condições econômicas, como o maior uso de financiamentos pelo mercado de capitais, para mitigar os efeitos da elevação da taxa de juros e seguir promovendo o desenvolvimento do setor.
Informações retiradas de Ana Carolina Diniz ao O Globo.
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