A aquisição do imóvel próprio é o sonho de muitos brasileiros, e no momento desta decisão há sempre a dúvida: construir ou comprar uma propriedade pronta? Para muitos, a primeira opção, tradicionalmente considerada mais barata, parece não ser mais tão viável assim, será?
Ao longo dos últimos 10 anos, o setor da construção civil sofreu com a recessão global que atingiu o país e, consequentemente, a economia em meados de 2012 a 2014. Esse aumento ocasionou a desaceleração da construção mas também o aumento da demanda por novas edificações, habitações e imóveis comerciais, criando um déficit entre oferta e demanda e consequente desequilíbrio nos custos de produção.
Os protocolos de biossegurança implementados na indústria em função da pandemia agravaram ainda mais a situação, gerando em um curto espaço de tempo a queda na produção de insumos. Esse fato faz valer a lei da oferta e demanda, o que encarece ainda mais o valor dos produtos.
Além disso, quando se observa o INCC (Índice Nacional da Construção Civil) percebe-se que desde agosto de 2021 o índice já acumula 16,68%, um crescimento maior que a própria inflação em relação à inflação média da economia. Para Sérgio Botassi, doutor em Engenharia Civil, “Esse contexto impactou de forma significativa os custos da produção. Esse desequilíbrio entre oferta e demanda, esse cenário complexo em que vivemos.”
A demanda reprimida é citada por Sérgio como um dos fatores que influenciaram o cenário. A instabilidade do mercado de ações levou muitos investidores a migrarem seus recursos em investimentos da construção civil, como a LCI (Letra de Crédito Imobiliário), que oferecem maior proteção nessa modalidade de investimento. Com isso, a relação entre oferta e demanda passa a ser mais significativa.
Diante dos fatos, será que não vale a pena construir? Contra todos os cenários e empecilhos ainda é mais viável construir seu próprio imóvel, sobretudo em função das linhas de crédito de financiamento para aquisição de imóveis. Em 2021, mesmo com as taxas de juros, o crédito imobiliário avançou para 96%, uma recuperação expressiva quando comparada aos anos anteriores. A poupança também tem favorecido o setor, nos últimos anos os valores depositados nessa modalidade tiveram um grande crescimento.
Mesmo com uma das maiores taxas de venda de imóveis no mundo (em torno de 4%), a aquisição de imóveis no Brasil mostra-se aquecida. A pandemia impulsionou as vendas no setor ao evidenciar a importância de imóveis residenciais e a necessidade de investir em qualidade de vida e conforto, sobretudo para aqueles que operam em trabalho home office.
Segundo Sérgio é preciso cuidado ao reduzir os custos, pois isso pode implicar na redução da qualidade do produto e dos profissionais. Isso acontece quando, na tentativa de diminuir os preços, opta-se por insumos de preço inferior, que podem comprometer a qualidade e o acabamento da obra. O mesmo acontece com a terceirização de profissionais, que embora envolva menos custo, pode não ter a mesma competência quando comparada à serviços mais onerosos.
Já recorrente no setor, a informalidade de profissionais pode ocasionar em sanções trabalhistas ao empreendedor.
Para quem está pensando em construir é importante realizar uma pesquisa de custos que priorize um valor que atenda às expectativas financeiras do consumidor, mas que não comprometa a qualidade do serviço e o bom resultado da obra.
Fonte: Rondoniaovivo