Na quarta, 18 de setembro de 2024, o Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central, órgão que define a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, e as diretrizes para nossa política monetária, decidiu romper a sequência de redução, quase que sistematizada, de 0,5% a cada reunião, desde agosto de 2023. Antes, a taxa havia permanecido estável em 13,50% ao ano, por doze meses. Depois, foi reduzida para 10,50%. Agora, subiu para 10,75%. A expectativa é de que haja novos aumentos enquanto a inflação não arrefecer.
Segundo o Banco Central, “O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta, e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”. Entretanto o Comitê considera também outros fatores: 1. o câmbio, que influencia a inflação pela variação de preços nos importados; 2. a economia aquecida, que provoca elevação nos preços; 3. a política fiscal do governo, que não corta gastos, mas promove inegáveis iniciativas para aumentar a arrecadação.
O Copom igualmente considera que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida (que não é o nosso caso) contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros”. Isso impactaria positivamente nossa política monetária. Em outras palavras, não haverá redução da Selic se não houver seriedade na condução das contas públicas. Infelizmente, isso não é o que se verifica na política econômica do Brasil atual. O que se vê é aumento de gastos e de arrecadação.
Enfim, qual é o impacto do aumento da Selic no mercado imobiliário? Estudo recente divulgado durante o Conecta Imob, do grupo ZAP, informa que 70% dos entrevistados pode comprar um imóvel de até R$ 500 mil; 29% destes pensa usar o MCMV. Só 4% não opina sobre taxa de juros; os demais entendem que a Selic em alta prejudica o mercado, em particular os segmentos de médio e alto padrão. Todavia os imóveis destinados à baixa renda, que têm puxado o mercado para cima, pouco ou nada sofrerão, devido aos subsídios governamentais.
Uma preocupação manifestada pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, é de que a Selic em elevação impacte a Caderneta de Poupança, que continua sendo uma das principais fontes de financiamento de imóveis para as classes média e alta. O aumento dos juros reduz o poder de compra das famílias e interfere também na disposição para investimentos. Compradores investidores poderão optar por aplicações financeiras sem risco, ao invés de direcioná-las para empreendimentos imobiliários.
Não obstante, o mercado imobiliário continua surpreendendo. Mesmo diante de um cenário econômico desafiador, os preços continuam subindo, e a demanda se fortalecendo. O déficit habitacional, apesar dos esforços, não arrefece. Os imóveis continuam sendo vistos como aplicações seguras em tempos de instabilidade. Espera-se que o aumento Selic seja passageiro, apenas com o objetivo de alcançar o controle inflacionário. O setor conta hoje com várias fontes de financiamento, o que pode reduzir o impacto da alta temporária da Selic.
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Informações cedidas por João Teodoro – COFECI-CRECI