O aumento da oferta de imóveis, especialmente para a classe média, é apontado por diversos especialistas do setor imobiliário como uma solução para a crise habitacional em Portugal. Uma das alternativas discutidas seria a construção de casas menores. Mas será essa uma tendência real no mercado?
Luís Corrêa de Barros, CEO da promotora imobiliária Habitat Invest, afirma que, no mercado residencial voltado para os portugueses, a construção de casas menores tem sido uma das poucas maneiras de tornar as residências mais acessíveis. Ele ressalta que, com o aumento dos custos de materiais e da mão de obra, além da carga fiscal elevada, os preços das casas acabam ficando fora do alcance de muitas famílias. Para ele, a única solução viável seria diminuir o tamanho das casas, tornando o produto final mais compatível com as condições financeiras da maioria dos portugueses.
Casas menores nos grandes centros urbanos
José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, acrescenta que a falta de poder de compra, somada ao aumento dos custos de construção e à escassez de terrenos urbanos, tem levado os promotores a optarem por imóveis menores. Apesar de alinhar com as necessidades do momento, ele alerta para possíveis preocupações com a qualidade de vida em espaços reduzidos, destacando a importância de um design funcional e de qualidade.
Por outro lado, Gonçalo Cadete, CEO da SOLYD Property Developers, observa que a percepção de que se estão construindo casas menores pode não ser totalmente precisa. A mudança, segundo ele, está na forma como os espaços habitacionais são pensados, após a pandemia, com maior foco no aproveitamento do espaço e na criação de ambientes que combinem o interior e o exterior, promovendo maior bem-estar e qualidade de vida.
A visão das construtoras e mediadoras imobiliárias
Luís Corrêa de Barros afirma que, no contexto português, a construção de casas menores é uma medida necessária para garantir que o mercado imobiliário continue acessível. Outros especialistas do setor, como David Carreira, Country Manager da Thomas & Piron Portugal, e João Cabaça, CEO da VIC Properties, acreditam que a tendência de construir imóveis menores é uma adaptação às novas realidades econômicas e sociais, com a escassez de terrenos e os custos elevados de construção forçando os promotores a reduzirem as áreas dos imóveis para manter os preços acessíveis.
António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais, também vê essa mudança como inevitável, pois a diminuição no tamanho das famílias e a adaptação ao estilo de vida urbano têm influenciado as escolhas habitacionais. A necessidade de otimizar o uso do espaço e de reduzir os custos de aquisição tem levado as famílias a se adaptarem a habitações mais compactas e funcionais.
Manuel Alvarez, presidente da Remax Portugal, reforça que a redução de tamanho das casas tem sido uma forma de tornar os imóveis mais acessíveis, mas alerta para o risco da “reduflação”, quando o produto diminui de tamanho sem que o preço seja ajustado. Já Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, destaca a urgência em revisar os planos diretores e modernizar os códigos de construção para garantir que a oferta habitacional corresponda às reais necessidades do presente e do futuro.
A adaptação do mercado às novas exigências
Luis Nunes, CEO da ComprarCasa, e Rui Torgal, CEO da ERA Portugal, também compartilham a visão de que a tendência por imóveis menores é clara, especialmente nas periferias das grandes cidades, onde a demanda por habitação mais acessível e adaptada às novas dinâmicas sociais tem crescido. Segundo Nunes, a diminuição do tamanho das unidades habitacionais pode ser uma solução para aumentar a capacidade de resposta às necessidades do mercado, desde que os espaços sejam adequados à habitação.
Apesar de ser um movimento visível em muitos projetos imobiliários, especialmente nas grandes cidades e suas periferias, a questão da adaptação das casas aos novos tempos é complexa e envolve um equilíbrio entre custo, tamanho e qualidade de vida. O mercado parece estar se ajustando a um novo paradigma, com a construção de casas menores como uma resposta aos desafios econômicos e sociais do momento.
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Informações retiradas de Frederico Gonçalves, Leonor Santos e Vanessa Sousa ao Idealista
Tradução por: Flavia Barbosa