Neste exato momento, mas no ano passado, se alguém lhe desse a seguinte notícia: “Vou vender um lote de terreno virtual por 1 ETH”, o que você faria?
A maioria das pessoas acharia isso loucura. No entanto, agora, um ano depois, sabemos que é totalmente possível. Todos querem estar à frente em relação ao blockchain.
Há quem acredite que perdeu a última corrida de ouro do Blockchain, a terra virtual, mas reconsidere.
Um futuro mais eficiente e escalável para a intersecção de blockchain e imóveis está em construção enquanto falamos e não está apenas restrito ao blockchain do Ethereum (ETH). O futuro dos NFTs (o padrão tecnológico para ativos digitais exclusivos, como obras de arte ou casas virtuais) é multi-chain, um caminho mais diverso que resolve as limitações do blockchain do Ethereum e aprimora seu uso para apresentar oportunidades inimagináveis que tocam vários cantos de cultura e comércio
Neste cenário de multi-chain, podemos acompanhar grandes oportunidades e diversos casos de uso possibilitados por redes alternativas como Solana (SOL), Tezos (XTZ), Polkadot (DOT), Kusama (KSM), Cardano (ADA) e muitas outras. Essas redes trazem respostas à escalabilidade, congestionamento de rede e à capacidade de realmente fracionar a propriedade, permitindo que tokens não-fungíveis (NFTs) se tornem utilizáveis e transferíveis no metaverso – saindo dos limites dos colecionáveis digitais tradicionais – talvez para o mundo real.
É comum não associarmos um nicho tradicional, como o imobiliário, com o recente avanço tecnológico do blockchain, no entanto, é inevitável que com este avanço tenhamos uma potencial modernização, levando uma eficiência poderosa para o setor.
A maioria das pessoas que já compraram ou alugaram um imóvel estão familiarizadas com um processo moroso e caro. São contratos para assinar, pagamentos a serem feitos entre senhorio e locatários, corretores imobiliárias, sem contar advogados e mediadores. Esses arranjos requerem várias transações, tempo e dinheiro.
Com a chegada de imóveis virtuais por meio do metaverso, podemos implementar transações ponto a ponto e usar contratos inteligentes para automatizar e acelerar esses processos jurídicos. Contratos inteligentes podem ser programados para acionar ações instantaneamente e executar pedidos conforme necessário. Como consequência, os ativos imobiliários, como empreendimentos, ações ou fundos e dividas de patrimônio, podem ser automatizados de novas maneiras e executados em minutos, em vez de semanas ou meses.
Os imóveis virtuais podem liberar liquidez por meio de mercados globais descentralizados que habilitam ativos negociáveis e permitem que os ativos do metaverso sejam usados como garantia extraível para alimentar métodos inovadores de empréstimo em finanças descentralizadas (DeFi).
A expectativa é que o metaverso seja cada vez mais flexível. Os usuários podem um dia mover ativos digitais NFTs para dentro ou para fora do universo virtual. Quem sabe casas digitais possam ser usadas como garantia para empréstimos – já pensou em deixar como garantia um terreno virtual para comprar um terreno físico? Este mundo, ainda em fase de colonização, quase certamente precisará ser construído em mais do que apenas Ethereum, a rede de contratos inteligentes dominante.
Limitações do Ethereum
O Ethereum foi lançado em 2015 e, desde então, os contratos inteligentes vêm ganhando força em funcionalidade e inovação. Os tokens ERC-20 são o padrão mais comumente usado para tokenização. Esses tokens codificam direitos de propriedade no código. O padrão ERC-721, e o mais avançado ERC-1155 – os padrões técnicos para NFTs – criam escassez digital. Existe uma diversidade de protocolos e tokens no Ethereum, formando a base para um metaverso aberto.
Vale ressaltar, que o mercado está se expandindo rapidamente e os desenvolvedores no Ethereum também estão em outras redes de blockchain. As soluções de segunda camada do Ethereum (complementos que ajudam a rede a processar mais transações) funcionem bem, os novos blockchains tiveram um ótimo crescimento e prometem um novo terreno fértil. Um rico grupo de construtores criativos está olhando além do Ethereum e das taxas exorbitantes da rede. O desafio atual para a indústria é alcançar a interoperabilidade entre diferentes blockchains. Ao eliminar o “efeito silo” na indústria de blockchain, podemos finalmente alcançar a “adoção em massa”.
Corrida pelo Metaverso
Hoje temos uma grande corrida pelo universo do metaverso, jovens e celebridades – como Snoop Dogg – investem milhões de dólares em imóveis virtuais. A revista Fortune chamou isso de “oportunidade de vários trilhões de dólares”. É provável que uma nova geração compre sua primeira casa no metaverso.
É notório que existe muito trabalho a ser feito neste universo para concretizar esse futuro. No momento em que vivemos agora, críticos dizem que as vendas milionárias – de encher os olhos – de imóveis virtuais, são uma novidade impulsionada pelo hype e especulação em comparação com algo que realmente representa uma propriedade única.
Outros argumentam que os imóveis, virtuais ou físicos, requerem um nível de due diligence legal para garantir a segurança e a confiança entre compradores e vendedores. Haverá também apreensão e críticas do tradicional setor imobiliário, que pode não ver valor em romper seu modelo antiquado, embora lucrativo.
Os ativos digitais imobiliários prometem a capacidade de democratizar a propriedade, um espaço que historicamente excluiu a maioria do mundo. A GoBankingRates, uma subsidiária da Digital Currency Group, empresa controladora da CoinDesk, comentou sobre um analista da Grayscale Investments que observou que, historicamente, os preços imobiliários são influenciados pela proximidade de lojas, serviços e bairros na redondeza. O que nos leva a perguntar se isso continuará também no universo virtual, onde jogadores podem se mover a qualquer lugar do mundo em segundos, ou se se tornará irrelevante para a avaliação de preços.
Com o passar do tempo, a lucratividade infectará o desenvolvimento de terras virtuais? Lotes caros em Sandbox ou Decentraland manterão seu valor? As pessoas fora do mercado cripto verão os NFTs como uma nova ferramenta poderosa para propriedade, mesmo que você não consiga dormir dentro de um computador?
Da forma que está, a infraestrutura de ativos digitais ainda é limitada. A tecnologia para permitir a verdadeira tokenização única de propriedades (especialmente no Ethereum, onde atualmente é quase impossível) ainda não existe. Um novo paradigma precisará ser desenvolvido para fazer este setor avançar.
Neste ano a indústria deve ganhar uma injeção de bilhões na infraestrutura de NFT que oferecerá suporte em casos de uso alternativos e possibilitará um livro razão visível que pode ser dividido ou expandido, facilitando uma representação única de ativos individuais, semelhante a arte e itens colecionáveis. Os contratos inteligentes precisarão ser aprimorados para permitir velocidade, funcionalidade e escalabilidade. Há um grande trabalho sendo feito em alguns setores – como a “Nested NFT Palettes” que permite relacionamentos sofisticados entre detentores de propriedade fracionada.
Regulações também estão em discussão. Assim como preocupações do setor imobiliário tradicional, que realmente poderia sofrer disrupção por ativos livres, que não são presos a nenhum blockchain único, que podem ser usados no mundo real e no mundo digital. Também existem considerações sociais para fazer com que as pessoas valorizem os imóveis digitais.
Já é uma realidade, mas este novo mundo tokenizado, futuro multi-chain, levará um tempo para se consolidar, assim como construir uma casa.
Fonte: Infomoney