Realizar o sonho da casa própria pode ficar mais difícil em 2022. Isso porque o preço dos imóveis deve subir acima da inflação, segundo previsão dos especialistas. O aumento da Selic já encarece o valor do financiamento aos consumidores e compromete também os custos para a construção civil, que já está sendo impactado pelos conflitos no leste europeu.
“Em 2021, houve cidades em que o preço subiu acima da inflação. Foi um ano bom em lançamentos e vendas. Com mais venda do que lançamentos. Isso reduz o estoque de imóveis prontos e a tendência é que os novos cheguem ao mercado com preço maior”, segundo Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio.
Os juros exercem uma posição de destaque no mercado imobiliário. Até o começo de 2021, quando a Selic estava em seu patamar mais baixo, em torno de 2% ao ano, as vendas foram fortemente impulsionadas. Após esse período, numa tentativa de frear a inflação, o Banco Central deu início a uma série de reajustes que elevaram a Selic para 11,75%. O mercado espera que alcance 13,75%, com a inflação em 11,3% no acumulado em 12 meses até março.
Não há mais como frear o repasse, segundo Paulo Pôrto, professor de Negócios Imobiliários da FGV: “Ninguém esperava, no início de 2021, a inflação acima de 10%. Este ano, as incorporadoras não terão mais como segurar o repasse. O reajuste, sobretudo nos lançamentos, será superior à inflação, com a alta dos materiais de construção.”