Uma das empresas da MRV&Co com potencial de expansão, a Luggo, tem foco em imóveis para locação e nasceu como startup, assim como o marketplace “Mundo da Casa”, que oferece produtos de acabamento e decoração de imóveis desenvolvidos pela incorporadora.
A cultura de cada empresa é fundamental para a decisão de apostar ou não na transformação digital via “techs”. “A Cyrela é uma empresa conservadora no caixa, mas não na estratégia. Boa parte da inovação veio pelas mãos do seu Elie (Horn, fundador da companhia e presidente do conselho de administração)”, diz Guilherme Sawaya, diretor de transformação digital da Cyrela. “A gente vai ter de se reinventar como pessoa física, como empresa, como área”, acrescenta Sawaya.
O grupo vai anunciar neste ano, um veículo para investir no desenvolvimento de “proptechs” (empresas com base tecnológica de gestão de propriedades), na compra de participação de empresas com propostas de “resolver dores dos clientes relacionadas à moradia” e na conexão das adquiridas ao negócio. “O objetivo não é ganhar dinheiro comprando e vendendo startups, mas criar um ecossistema de soluções para moradia”, afirma Rodrigo Resende, o diretor de novos negócios.
“É preciso haver mudança de ‘mindset’ [mentalidade], não ficar no ‘modus operandi’
tradicional”, ressalta Resende, da MRV&Co. Além dos investimentos já realizados em startups e dos futuros, a incorporadora contratou, por exemplo, empresa de drones que “atesta a qualidade de serviços, como execução de telhados”. “A acurácia é muito boa, e o custo, mais baixo”, diz o diretor de novos negócios da MRV&Co.
Na avaliação do diretor, incorporadoras que não estão ligadas com startups têm, hoje, atraso de quase cinco anos. “Em 2018, havia cem ‘proptechs’ e ‘construtechs’ mapeadas. Hoje, são mais de mil. Estamos contratando startups como fornecedoras, oferecendo mentoria e conexões com bancos, clientes e investidores”, diz Guilherme Sawaya, da Cyrela.
A Gafisa, por exemplo, conta com 40 startups em seus projetos, passando pelas áreas de engenharia, vendas e financiamento. Após testar o modelo proposto por cada uma, a companhia pode optar por contratar o serviço ou até avaliar a possibilidade de investir na empresa de base tecnológica. A Gafisa vai lançar neste ano uma plataforma de marketplace de produtos e serviços relacionados ao imóvel. “Haverá oferta de financiamento e de serviços, como o de mudança, para facilitar a jornada do cliente”, afirma o CEO da Gafisa Incorporadora e Construtora São Paulo, Guilherme Benevides
Já Joseph Nigri, vice-presidente do conselho de administração da Tecnisa, ressalta que “o ecossistema das startups é muito importante para ajudar as empresas a se desenvolverem”.
Ao mesmo tempo em que incorporadoras se aproximam de startups, empresas de tecnologia mantêm um forte crescimento. “Essas empresas têm uma infinidade de dados, podem vir a se tornar desenvolvedores [de empreendimentos]. A Cyrela decidiu que vai ser uma empresa de tecnologia”, diz o diretor de transformação digital.
Fonte: Valor