O home office foi a medida encontrada para que se pudesse continuar a rotina de trabalho frente à pandemia da Covid-19 sem desobedecer as medidas de segurança decretadas pela OMS, a fim de conter o contágio do vírus. Nos dois primeiros anos de pandemia, o home office foi o grande pesadelo do mercado corporativo de imóveis.
Em 2020, o setor viu as empresas devolverem 273mil m2 de escritórios alugados. Em 2021, o número subiu para 290mil m2, segundo dados da consultoria Newmark. Em áreas nobres da capital paulistana, como as Avenidas Faria Lima e Engenheiro Luís Carlos Berrini, que são conhecidas como grandes polos financeiros, a vacância dos imóveis corporativos chegou a 30%, um aumento de 25% em relação a 2019. No ano anterior à chegada do vírus, o setor estava preparado para crescer, mas a pandemia fez com o que o setor fosse na contramão do esperado.
“Nunca tivemos uma vacância tão alta no setor”, diz o administrador Kwan Lao, investidor do mercado imobiliário há, pelo menos, 20 anos. “Todos diziam que o home office seria o novo normal, mas não é bem assim. O mercado já está reagindo.” Segundo ele, no quarto trimestre do ano passado, a vacância diminuiu para 22%, em média. A vacinação fez com que o trabalho presencial retornasse, mas não como era antes.
A pesquisa internacional sobre o mundo corporativo, Global Work-from-Home Experience Survey, aponta que 77% das pessoas querem continuar a trabalhar de casa. Essa é uma questão que as empresas precisam discutir.
Dado esse contexto, o Studio Guto Requena, de arquitetura e design, localizado em São Paulo, tem recebido pedidos de remodelações de sedes de empresas, que diminuíram de 30% a 50% os espaços internos dos escritórios. Essa é uma resposta em relação à transformação que a forma de trabalho sofreu. Continua à distância, pelo menos alguns dias da semana.
“Apesar dos dados positivos sobre a resposta ao smart working, nosso entendimento é que o escritório vai continuar existindo, mas será profundamente reduzido”, diz Guto Requena, que desenvolve um estudo sobre o tema. “As sedes das empresas são bem mais do que endereços de trabalho. O escritório existe para incorporar os valores e a cultura da empresa, vivenciar o coletivo, impulsionar e capacitar a comunidade.”
Uma característica que, certamente, virou passado é uma grande sala com mesas fixas de trabalho, divididas por drywall, ou seja, o modelo tradicional que todos estavam acostumados. Agora a tendência é que os profissionais trabalhem em um lugar mais amplo e descontraído, sem ser muito formal. Já era tendência antes mesmo da pandemia um ambiente de trabalho descontraído, agora, mais do que nunca as empresas querem locais atraentes, alegres e que transmitam bem-estar aos funcionários.
Fonte: Istoé