O ano de 2021 fechou em queda para o índice de fundos de investimentos imobiliário (IFIX) com cerca de 9%, mas em contrapartida, alguns FII’s registraram altas significativas. Até a última sexta-feira, (21), tivemos um aumento do indicador de 0,18%, com 2.808,66. pontos. O último mês alcançou uma elevação de 8,78%, depois de quatro meses no vermelho.
Já para este ano, o setor prevê uma elevação na taxa de juros e instabilidade por estarmos em um ano eleitoral – a classe pode se prejudicar, mas ainda há oportunidades. No cenário atual, especialistas analisam que os fundos de papel podem ser mais benéficos nos próximos meses, apesar do segmento depender diretamente dos rumos que a economia do país tomará com as eleições.
Igor Barenboim, economista chefe da Reach Capital, indica que para alcançar bons lucros neste ano é necessário buscar informações sobre a composição do ativo. “O investidor deve olhar para o FII não como uma caixa preta, mas entender o que tem dentro do ativo”, comenta.
Barenboim ainda avalia que, a longo prazo, os fundos de tijolo podem ser mais atraentes. Em paralelo, os fundos voltados ao crédito vão alcançar ganhos relevantes à medida que a inflação e a Selic sigam aumentando. Ele destaca a impotência de conhecer as regiões onde os imóveis do portfólio estão localizados. “Em um cenário político positivo para o Nordeste, como visto nos anos de presidência do Lula (PT), a região pode se beneficiar também nesse sentido. Se avaliado maiores investimentos em Agro, o investidor pode encontrar as regiões mais relevantes”, afirma.
O economista também pontua a semelhança entre um FII e uma ação da Bolsa. Segundo ele, a simetria acontece entre os setores de Value (valor) da Bolsa, como é o caso das energéticas e utilities. “Mesmo com uma economia ruim, as pessoas vão continuar pagando energia e água da mesma forma que vão precisar pagar aluguel”, aponta.
Mesmo existindo semelhanças, os investidores também devem saber sobre os fatores que devem ser colocados na balança antes de contar com um FII na carteira, como é o caso da localização, setor atrelado e histórico do FII. Vale a pena ressaltar a importância de fazer uma pesquisa detalhada sobre o ativo, principalmente pelo contato com relatórios gerenciais de gestores para compreender as oportunidades de crescimento. Por se tratar de ativos que não pagam impostos, os FIIs são considerados a melhor opção para quem quer uma renda extra, já que rendem lucros com os alugueis recebidos mensalmente.
O que os especialistas esperam para 2022?
Para Juliana Pedroza, sócia e Relações com Investidores da Habitat Capital Patners, a grande elevação dos FII’s aconteceu durante o período que a Selic chegou a 2% e os investidores buscavam ganhos mais atrativos. Com a taxa de juros acima de 9%, a renda fixa retorna ao destaque, mas existem oportunidades de fundos com preços atrativos que podem crescer. “O mercado de FII no Brasil ainda está no início, se compararmos com o norte-americano. Temos muito a crescer em segmentos e níveis de operação, o que vai nos possibilitar a ver movimentos muito interessantes”, afirma.
A especialista recomenda que os investidores devem monitorar as diferentes possibilidades do cenário político . “Em anos eleitorais, é mais indicado trabalhar com operações com mais garantias, que tenham provado ao longo do tempo a resiliência e constância”, sugere. Outro ponto de atenção é o diálogo entre um FII e a dependência econômica do setor em que está vinculado, o que foi exemplificado em diferentes situações durante a pandemia. Por exemplo, os holofotes para galpões por conta do crescimento do e-commerce e a sensibilidade das lajes corporativas pelo trabalho remoto.
Fundo rende 42% em 2021
De acordo com um levantamento realizado pela Economatica, o grande destaque de 2021 foi o fundo Urca Prime Renda Closed Fund (URPR11), que entregou um retorno acumulado de 42,53% em 2021. O mesmo ativo também registrou o maior rendimento em dividendos no ano, com 18,29%. Segundo relatório da gestora Urca Capital, o URPR11 é composto por 13 Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) de sete estados diferentes.
Já em segundo lugar entre os FII’s mais lucrativos de 2022, temos o Devant Recebíveis Imobiliários FII (DEVA11), com alta de 24,91%. No portfólio, há 42 CRIs em diferentes setores e regiões. O DEVA11 foi o quarto colocado no ranking de distribuição de dividendos em 2021, com 15,02%, segundo o levantamento. Já no ranking de distribuição de dividendos, o SP Downtown Fundo de Investimento Imobiliário FII (SPTW11), composto por lajes corporativas em São Paulo, foi o segundo melhor pagador com o rendimento de 17,93%.
Fonte: Estadão